No próximo dia 31 deste mês, cumprem-se 205 anos sobre a morte de Diderot. Do autor de A Religiosa
[e de Jacques, o fatalista e de O Sobrinho de Rameau -- e colaborador da Enciclopédia...]
[ainda que tenha ficado muito aquém do fim do anunciado projecto de os traduzir todos].
Os Pensamentos foram redigidos em 1746, tinha Diderot 33 anos -- e logo irritaram o Parlamento de Paris, que condenou a obra, a qual pretendia (apenas!) passar ao lado da religião como fundamento da moral.
No sentido de, um dia (ou um ano) destes, concluir a anunciada tradução, deixo mais meia dúzia de pensamentos (do apêndice):
No sentido de, um dia (ou um ano) destes, concluir a anunciada tradução, deixo mais meia dúzia de pensamentos (do apêndice):
IVescrito por ai.valhamedeus
Se renuncio à minha razão, fico sem guia: preciso de adoptar às cegas um princípio secundário, e pressupor aquilo que está em questão.
V
Se a razão é um dom do céu e o mesmo podemos dizer da fé, o céu deu-nos dois presentes incompatíveis e contraditórios.
VI
Para resolver esta dificuldade, deve dizer-se que a fé é um princípio quimérico, que não existe na natureza.
VIII
Perdido numa floresta imensa durante a noite, não tenho senão uma pequena luz para me orientar. Aparece um desconhecido que me diz: Meu amigo, apaga a candeia para melhor encontrares o teu caminho. Este desconhecido é um teólogo.
IX
Se a minha razão vem do alto, é a voz do céu que me fala por ela: devo ouvi-la.
XV
Se a proporção é de cem mil condenados para um que é salvo, o diabo leva sempre a vantagem, sem ter abandonado o seu filho à morte.
XVI
O Deus dos cristãos é um pai que faz grande caso das suas maçãs, e muito pouco dos seus filhos.
XVII
Tirai o medo do inferno a um cristão, e tirar-lhe-eis a crença.
XXI
Provar o Evangelho com um milagre, é provar um absurdo com uma coisa contra-natura.
XLII
O homem é como Deus ou a natureza o fez; e Deus e a natureza não fazem nada de mal.
LI
Não há nenhum bom pai que queira parecer-se com o nosso pai celeste.
LX
Que Jesus Cristo que é Deus tenha sido tentado pelo diabo, é um conto digno das Mil e Uma Noites.
LXII
Um moça vivia muito isolada: um dia recebeu a visita de um moço que trazia um pássaro; ela engravidou: e a gente pergunta-se: quem que é que fez o filho? Bela questão! Foi o pássaro.
[tradução de Ai meu Deus]
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