Inicialmente, pensei parafrasear Shakespeare e dar título a este entremez mais condizente com o momento que ora se vive e o autor em questão mas, ao deparar com o título da entrevista à Dr.ª Maria de Lurdes Rodrigues no JL, resolvi “roubá-lo”, com um acrescento. E em vez de “A Educação do Nosso Descontentamento”, ficou como se vê. E, já agora, como se lê, se tiverem paciência.
ACTO I
CENA 1
Local: Sala de professores numa escola do Ensino Secundário.
Personagens: Vários professores, uma professora, formada em Direito pela Universidade de Coimbra, 54 anos, à beira de um ataque de nervos.
Hora: Intervalo
─ Mas eu lá percebo alguma coisa de Vitrinismo?!
Rostos interrogadores voltam-se imediatamente para ela e, solícito, um mais perspicaz diz:
─ Já foste à Net? Vais ver que lá há alguma coisa…
─ Já fui, tenho aqui umas coisitas, mas não percebo nada. E o que é Introdução às Técnicas de Vitrinismo? E Comunicação no Posto de Venda?
Mais rostos se juntaram aos outros, consternados e intimamente satisfeitos por nunca se terem lembrado de cursar Direito.
─ Calharam-te Profissionais!!..., verbalizou alguém a dedução lógica que todos já haviam feito mentalmente.
─ Eu sempre preparei alunos para Prosseguimento de Estudos. Não sou técnica especializada, continuou ela num tom cada vez mais desesperado, a tentar perceber por que razão lhe tinham incluído tal estranheza no horário.
─ Numa altura destas… (Estaria a pensar na idade?)
Felizmente tocou e lá fomos todos cumprir, ou tentar cumprir, o que nos havia cabido em sorte. Ou seja, no horário. É que agora o horário é mesmo “uma carta fechada”, metaforicamente falando, como dizia a minha mãe, referindo-se ao casamento.
EPÍLOGO
Adivinho que alguns de entre vós estarão a pensar: coitados dos alunos que se querem profissionalizar rapidamente! Têm direito a ser instruídos por gente altamente qualificada, detentora de Cursos Superiores. Portanto, qual é o mal?
Pois, experimentem dizer isso a familiares vossos na situação desta minha colega, ou a algum filho, ou neto, que se esteja a licenciar … em Direito, por exemplo.
(O meu computador também não. Coloca-me um traço vermelho por baixo da palavra e sugere-me uma data de vocábulos, em alternativa)Eu formei-me em Direito!, lamentou-se.
Rostos interrogadores voltam-se imediatamente para ela e, solícito, um mais perspicaz diz:
─ Já foste à Net? Vais ver que lá há alguma coisa…
─ Já fui, tenho aqui umas coisitas, mas não percebo nada. E o que é Introdução às Técnicas de Vitrinismo? E Comunicação no Posto de Venda?
Mais rostos se juntaram aos outros, consternados e intimamente satisfeitos por nunca se terem lembrado de cursar Direito.
─ Calharam-te Profissionais!!..., verbalizou alguém a dedução lógica que todos já haviam feito mentalmente.
─ Eu sempre preparei alunos para Prosseguimento de Estudos. Não sou técnica especializada, continuou ela num tom cada vez mais desesperado, a tentar perceber por que razão lhe tinham incluído tal estranheza no horário.
─ Numa altura destas… (Estaria a pensar na idade?)
Felizmente tocou e lá fomos todos cumprir, ou tentar cumprir, o que nos havia cabido em sorte. Ou seja, no horário. É que agora o horário é mesmo “uma carta fechada”, metaforicamente falando, como dizia a minha mãe, referindo-se ao casamento.
EPÍLOGO
Adivinho que alguns de entre vós estarão a pensar: coitados dos alunos que se querem profissionalizar rapidamente! Têm direito a ser instruídos por gente altamente qualificada, detentora de Cursos Superiores. Portanto, qual é o mal?
Pois, experimentem dizer isso a familiares vossos na situação desta minha colega, ou a algum filho, ou neto, que se esteja a licenciar … em Direito, por exemplo.
escrito por Gabriela Correia, Faro
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