O catecismo católico faz a distinção entre pecado venial e pecado mortal. A repetição dos pecados, segundo o mesmo catecismo, "gera os vícios entre os quais se distinguem os pecados capitais" (§1876). Os pecados capitais são, segundo o §1866, a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça ou negligência (acédia).
Em síntese, (quase) tudo coisas boas, mas com o pormenor, cristãmente pouco recomendável, de serem geradoras de prazer. Trata-se, no essencial, de características comportamentais incompatíveis com as tradicionais sociedades rurais. A própria terminologia usada é significativa: o étimo de capital é capital-, "relativo à cabeça" -- é capital o que produz a morte
E, para que possa acompanhar os músicos e pecar ainda mais, gozando ainda mais a comida e a bubida, deixo a letra:
escrito por ai.valhamedeus
Em síntese, (quase) tudo coisas boas, mas com o pormenor, cristãmente pouco recomendável, de serem geradoras de prazer. Trata-se, no essencial, de características comportamentais incompatíveis com as tradicionais sociedades rurais. A própria terminologia usada é significativa: o étimo de capital é capital-, "relativo à cabeça" -- é capital o que produz a morte
(como a decapitação).Na verdade, é fácil entender que sejam capitais; nas sociedades tradicionais, é preciso, por exemplo, trabalhar arduamente
[e, por isso, a preguiça é vício capital -- de cortar a cabeça à vida em comum];porque essas sociedades são rurais e a agricultura está dependente dos caprichos da natureza, é preciso poupar (em anos de abundância) para as épocas de escassez
[e, por isso, a gula e a luxúria são vícios capitais]...A ideia de se marimbar para os conselhos virtuosísticos do Vati-cano não é recente: foram os próprios vati-caninos a, repetidamente, mostrar que a coisa não era para levar muito a sério
[que o digam as pançadas dos abades].Em louvor da gula, aqui deixo, eu também, o conselho virtuosístico do compositor Juan del Encina, trovador do século 15:
Toca a comer e a beber!, e a fo...lgar!, que amanhã jejuaremos
[sem que amanhã tenha que ser literalmente... depois de hoje].
E, para que possa acompanhar os músicos e pecar ainda mais, gozando ainda mais a comida e a bubida, deixo a letra:
Oy comamos y bebamos
y cantemos y holguemos
que mañana ayunaremos.
Por onrra de san Antruejo
paremonos oy bien anchos,
enbutamos estos panchos,
rrecalquemos el pellejo,
que costumbres de concejo
que todos oy nos hartemos,
que mañana ayunaremos.
Honremos a tan buen santo,
porque en hambre nos acorra,
comamos a calcaporra,
que mañana hay gran quebranto.
Comamos, bebamos tanto,
hasta que nos reventemos,
que mañana ayunaremos.
Bebe Bras, más tú, Beneyto,
beba Pidruelo y Llorente,
bebe tú primeramente,
quitarnos has deste preito.
En beber bien me deleyto,
daca, daca, beberemos,
que mañana ayunaremos.
Tomemos oy gasajado,
que mañana viene la muerte,
bebamos, comamos huerte,
vamonos para el ganado,
no perderemos bocado,
que comiendo nos iremos,
que mañana ayunaremos.
7 comentário(s). Ler/reagir:
tás fodido, ciriato de merda
Se não te arrependeres a tempo vais direitinho para o fogo do inferno
Depois não digas que ninguém te avisou
E não te queixes das companhias: socretinos, felgueiras, isaltados, loireiros, castelos-brancos, SS, almeidas apesar de santos, e muita sorte vais ter se não encontrares lá o ruas.
Cuida-te enquanto é tempo
ora aqui está um texto bem engendrado, mas mal concluído.
a lista de pecados tem uma função social preventiva. é um "favor" da igreja à organização da sociedade que é muito parecido aliás com o os alardes da extrema esquerda - os senhores que querem que todos andem vestidos com a mesma fardeta, que recebam o mesmo independentemente do trabalho que fizerem e do juízo que tiverem... enfim dos defensores de um Estado igualitário que nunca existiu nem existirá, unica e simplesmente porque se mostra contrário à natureza humana.
tanto quanto se sabe da história da humanidade os indivíduos querem afirmar a sua diferença e ver os seus méritos (ou deméritos) reconhecidos. não querem viver como outros querem que vivam... até nos mais reconditos sítios isso se verifica. sem a diferença não há progresso, sem a valorização da diferença não há criatividade e se assim não fosse ainda estaríamos na idade da pedra.
A Igreja como Instituição é como outra instituição qualquer,tem mais defeitos que virtudes... paciência.
designar de "vati caninos" os representantes e seguidores da ideologia do vaticano, entenda-se da religião católica, não me parece de grande inteligêcia. eles têm cabeça, tronco e membros, são tão representativos da sociedade como todos os outros militantes seja do que for. Por extensão, se eles são caninos e para bom leitor a palavra basta, canino é também o autor desta prosa... e qualquer indivíduo a que se atribua o nome de homem ou mulher.
às vezes não ficava mal "pesar" os termos com que nos exprimimos pois na tentativa de rebaixar os outros, nós também não escapamos aos qualificativos de que nos queremos excluir... a não ser que apenas queiramos fazer do mundo o palco de ridícula ironia.
A. M.
"canino é também o autor desta prosa..."?!
Ó A.M., tem-se em assim tão pouca consideração?! então, escreva em prosa mais... cadelina! ou felina...
Este A.M. está cada vez mais fiscal de boas escritas e defensor de quem nunca lhe encomendou o sermão. Com amigos destes, o Vaticano já não precisa de inimigos?
P.M.
Sobre o texto apresentado só quería fazer referência ao facto de o autor ter sido o primeiro modelo seguido por Gil Vicente, quem o plagiou abundantemente nos primeiros tempos da sua carreira literária.
Tenho a certeza que Juan del Encina não aceitaria as pseudo-defesas do nosso comblogueiro A.M. que muito ganharia se lesse a obra deste clérigo.
Não concordo com o P.M. e parabenizo o A.M. porque numa escrita desassombradamente clara mostra a importante importância da Igreja Católica para conservar a sociedade em geral e eu diria que até os indivíduos. Todos percebemos mesmo aqueles que depois não o admitem por razões que também são conhecidas que comer e beber à fartazana além de fazer mal à saúde das pessoas também pode destruir as sociedades e as culturas como foi o caso do Império Romano. Todos percebemos também que o truque desta gente é começar na comida e na bebida e às vezes sem se dar por ela já se está noutras coisas que todos percebemos o que é e que também fazem descontroladamente à fartazana, talvez todos os dias ou talvez várias vezes ao dia. Já se sabe que de tanta vez o cântaro ir à fonte alguma lá há-de ficar a asa aqui isto quer dizer que de tanto fazerem as tais coisas é fácil terem azar e depois queixam-se e já se sabe o que vem a seguir. Isto tudo se resume nisto é que a moderação pregada pela Igreja é a única via para salvar a humanidade e os indivíduos que a formam comer com moderação beber com moderação e o resto também com moderação e não pensem agora que é por um poeta e até pouco conhecido mas que fosse tão conhecido como o Gil Vicente dizer o contrário que vamos segui-lo; é como diz e muito bem o A.M. cada um de nós tem que "afirmar a sua diferença".
Sobre o ponto da linguagem utilizada também não concordo com os "vati caninos" porque isso revela falta de inteligência como disse o A.M. e até certo ponto de analfabetismo ou de piada sem graça ou de ironia ridícula e só qualifica o seu autor.
Meio dia
Juan del Encina e Gil Vicente só são muito conhecidos à Meia Noite.
Eu não estou de acordo nem com o A.M. (manhã), nem com o P.M. (tarde) nem com o Meio Dia.
Eles lá sabem o que quer a Igreja Católica. Quanto cobrarão pela defesa?
Na Idade Média a Igreja pregava a tal moderação. Tenho a certeza que estes exemplares do tempo nem imaginam que um católico normal só podia ter relações sexuais 39 dias por ano.
A moderação dá saúde e faz crescer, por isso é que a esperança de vida nessa época era de 42 anos.
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