O Público de 13 de Fevereiro de 1994 publicou uma entrevista com Jonas Savimbi
[destaque de primeira página com o título "A UNITA é invencível"].Uma das perguntas foi sobre as
(más)relações da UNITA com o governo português
[de que era chefe Cavaco Silva, e Durão Barroso, ministro dos negócios estrangeiros].Resposta de Savimbi [negrito meu]:
"[...]fiquei chocado quando fui informado pelo nosso representante em Lisboa de que o primeiro-ministro Cavaco Silva fez questão de devolver o cartão de boas festas para o nosso escritório. Isso não é civilizado. É um gesto completamente agressivo. Até podia ter rasgado o cartão. Devolver? De um primeiro-ministro? Ele é militante do MPLA".
A entrevista termina com uma pergunta sobre a eliminação física de Savimbi: "Tem sido defendida a tese de que a sua eliminação física resolveria a questão angolana. O que é que acha que aconteceria se desaparecesse da cena angolana?"
A resposta:
"Primeiro, já estou avisado — e fala-se em bom português que um homem avisado vale por dois. Como estou avisado, não me vão apanhar. Eu estou absolutamente vigilante, não vão conseguir. E eu não vou desaparecer, estou de boa saúde, a malária ataca mais os mais novos do que a mim. Mas a UNITA não acabava, essa ideia está errada. O receio que eu tenho é o seguinte: o meu desaparecimento neste momento criaria uma situação que ninguém mais iria controlar. Teríamos uma guerra feita por muito, muito mais tempo. Aqui, o sul-africano colocou muita munição".
O futuro viria provar que homem avisado não vale por dois -- ou, mesmo valendo por dois, nunca pode considerar que está a salvo.
escrito por ai.valhamedeus
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