Para não esquecer...

DEMOCRACIA, EDUCAÇÃO E MAGALHÃES

DEMOCRACIA, EDUCAÇÃO E MAGALHÃES

O ex Ministro da Cultura e actual embaixador de Portugal na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, em entrevista ao JL, declarou a nossa Democracia frágil. De uma fragilidade estrutural, tanto pela curta tradição democrática portuguesa, como pela desqualificação dos partidos políticos e, ainda, pela indiferença da opinião pública.

Instado que foi a pronunciar-se sobre a crescente importância da Internet ou das tecnologias e seu impacto na cultura, afirmou que a globalização do século xxi “não será só política, nem apenas económica. O 3. pilar a que se poderá chamar cultural é fundamental. … o fim das distâncias físicas acabou por revelar as distâncias abissais -- culturais, civilizacionais. Em vez da aldeia global, o mundo parece uma colmeia de guetos.”

Mais adiante afirma que “não nos devemos deslumbrar com a ideologia tecnológica”, critica “os net-deslumbrados” e diz que “em Portugal se alimenta muito facilmente, com base nesta ideologia, a ilusão de um salto do nosso atraso pré-moderno para uma festiva pós-modernidade. (..) As novas tecnologias só são realmente úteis se estimularem uma comunicação mais qualificada, um conhecimento mais sólido e uma criatividade mais partilhada”. (…) O Magalhães ilustra bem todos estes equívocos. (…) Na minha opinião, nunca um computador devia entrar numa sala de aula a não ser pela mão dos professores, respeitando-se assim a escola como um espaço privilegiado de autêntica formação.”

À pergunta do jornalista: Quer dizer que discorda de uma estratégia de desenvolvimento apostada no plano tecnológico? respondeu:

-- Ao contrário de muitos, que quando discutem a escola só falam ora de regulamentos, ora de tecnologias, o que me interessa são os valores e os conteúdos da educação, bem como as condições da sua efectiva transmissão. O que implica que se consiga lidar com uma tripla, e muito complexa, exigência que pesa sobre a escola: a do reconhecimento do mérito, a da igualdade de oportunidades e a da afirmação individualista. É isto que conta… a tecnologia, quando se torna numa ideologia, transforma-se num dispositivo propagandístico em que as respostas aparecem antes das perguntas.

Ah, grande Manuel! Mas “o professorado” há muito que tinha denunciado esta situação, remember?!

escrito por Gabriela Correia, Faro

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