Quem são estes que para mim voltam seus rostos?[Faro, 19 de Março 2010 (Homenagem ao meu pai)]
Quem são estes que cresceram sem que me desse conta?
Porque me olham ansiosos de amor que eu sinto
Porém, mostrá-lo não me consinto.
O que fazem aqui?
Por que vieram?
Porque me agradecem a existência que não quiseram?
O que fazem nos meus domínios de fim de lenda?
Estranhos, quase
Seres poderosos que eu não entendo.
São meus, eu sei.
Mas que força me impele,
Me desgoverna a alma,
Me congrega as forças com que me defendo?
Oh, filhos!
Vinde a mim.
Lede o segredo que há muito se desvenda.
Na pele de um pobre Lázaro sem remédio.
Tomai, este é o meu corpo.
O meu sangue já foi vosso.
Encosto-me agora e descanso
No sonho deste Inverno chegado.
A quietude é meu direito.
Se é pelo sonho que nos elevamos
Ou nos afundamos no interior das nossas vidas
Se anseio pelo regresso
A este porto onde me acoito
Do fundo da minha prece Vos rogo:
Dai-me, Senhor, sonhos de paz
Esta noite!
escrito por Gabriela Correia, Faro
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