No dia da poesia
[tinha que ser, pois, claro! o Ai Jesus! poderia lá esquecer o dia da poesia?!],
recordo um poeta pouco citado/dito: José Duro.
O seu "Fel"
[4ª ed., Lisboa: Guimarães & Cª, 1931]abre assim:
O livro que ahi vai -- obra d'um incoherente --A Morte (datado de 1895) faz lembrar Antero:
É um livro brutal, é um poema a êsmo...
Pensei-o pela rua olhando toda a gente,
Escrevi-o no meu quarto olhando-me a mim mesmo...
A Morteescrito por ai.valhamedeus
[Naquelle dia estive prestes a morrer]
Sentara-se a meu lado uma figura
-- Feições de bronze n'um sorriso adusto,
Erguendo para mim com certo custo
A mão pesada e fria mas segura...
E o olhar, como o olhar que conjectura
Pela mudez da noite o crime injusto
Fitava-me indeciso como um susto
-- Nos tragicos esgares da loucura...
E eu perguntei-lhe: -- Quem és tu, visão
-- Estrella má, talvez, da minha sorte,
Quero dizer aos homens o teu nome.
-- Gemea da Treva, irmã da Escuridão
Vago desde o principio... sou a Morte...
Mas não te quero ainda. E abandonou-me.
1 comentário(s). Ler/reagir:
Ó dona Gabriela, então a auto-proclamada dura defensora da língua portuguesa deixa passar uma bacorada destas? Será porque o autor também é Duro?
Não gostaria de classificar como incoherente condescendência corporativa a tolerância que ahi se vislumbrs!
Secretário da ADPDLP
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