Para não esquecer...

O SILÊNCIO DOS MORTOS

O SILÊNCIO DOS MORTOS
(Para o Vicente Roma)

Se eu fosse um poema haveria de cantar nos meus versos
Os pássaros da tua imaginação.
Haveria de exaltar os pássaros que vêm comer na tua mão
Enquanto ausente olhas a poente o sol
Que se derrama no longe horizonte.

Se eu fosse um poema haveria de escrever
Uma rima grandiloquente sobre os momentos eternos
No paralelo de sombra e luz. Lá onde as eternidades são eternas.

Se eu fosse poema estaria a teu lado
No vento que inquieta as folhas de Outono mortas pelo chão,
Em matizes de arco-íris em fim de vida.

Se eu fosse poema cantaria a noite
A neve derretida nos caminhos da gente perdida.

Se eu fosse poema sangraria de dor e pasmo.

E todavia estou seco e mudo nos meus versos
Estou quedo e em silêncio à beira da vida.

E sofro por não ser poema.
escrito por Gabriela Correia, Faro

2 comentário(s). Ler/reagir:

Unknown disse...

Tão profundo e belo este poema! Triste mas com uma beleza que doí.
Beyond Perfect. Ainda tens dúvidas que és uma das melhores Poetisas vivas deste país e quiçá do Mundo.

Beijokas Grandes e Obrigada por mais este maravilhoso poema.

Filhota

Anónimo disse...

Que exagero, filha!
Mas obrigada.
Mãe