Para não esquecer...

A BOA VIDA

Enzo, um rico comerciante de Puerto Ayacucho, visita as comunidades indígenas do alto Orinoco e fica horrorizado quando vê Orawë, indígena yanomami deitado tranquilamente no seu chinchorro (uma espécie de rede) a mascar tabaco.

- Por que não vais pescar? - pergunta-lhe Enzo.

- Porque já pesquei suficiente, hoje - responde-lhe Orawë.

- E por que não pescas mais do que precisas? - insiste o comerciante.

- E o que é que eu faria com ele? - pergunta por sua vez o índio.

- Ganharias mais dinheiro. Dessa forma, poderias colocar um motor na tua canoa. Então poderias ir longe no rio e pescar mais peixes. E assim ganharias o suficiente para comprar uma rede de nylon, com o que conseguirias mais peixe e mais dinheiro. Rapidamente terias com que comprar duas canoas e até dois motores e mais rápido... Então serias rico como eu.

- E o que faria depois? - perguntou novamente o indígena.

- Poderias sentar-te desfrutar da vida - disse o comerciante.

- E o que é que tu achas que eu estou a fazer neste momento? - respondeu o índio Orawë, satisfeito.

(Conto de Tony de Mello. Traduzido do sítio na web de Consumir menos, vivir mejor: ideas prácticas para un consumo más consciente)

escrito por ai.valhamedeus

1 comentário(s). Ler/reagir:

vitor m disse...

Estes Índios e os outros, os que os Yankees chacinaram na sua "gloriosa" conquista do Oeste Americano, sabem-na toda...
Também poderíamos chamar a este conto, "Capitalismo para tótós", não?