Para não esquecer...

VERDADES QUASE MENTIRA (3)

Pese embora já sobrevenha uma semana ao Dia da Mãe, não resisto a escrever sobre o assunto.

Isto de a gente rumar a outras paragens e levar os hábitos connosco tem muito que se lhe diga. Capaz de tratados de muitas páginas. Mas sigamos adiante!

Por conseguinte, estava eu bebericando da chávena um café distraído, quando o tema do Dia da Mãe, na mesa ao lado, se sobrepôs a qualquer outra imagem ou ruído circundante. Digamos que se poderia titular a cena: Conversa, com Mulher e respectiva Chávena ao Fundo.

Os meus filhos não me ofereceram nada, nem se lembram de que hoje é o dia da mãe! Silêncio da interlocutora. Desviei a minha atenção para a mesa ao lado, tentando não levantar suspeitas. Sabes muito bem porquê, respondeu um jovem bem parecido, sem tirar os olhos do portátil. A outra ficou expectante: já te esqueceste da fita que fizeste por eu e o pai termos trocado o CD que querias? E imitou a voz feminina, esganiçada de frustração perante a oferta baralhada. Há que séculos que isso já foi! É que eu andava há que tempos a referir o nome do CD, voltou-se ela para a outra em jeito de desculpa. O filho nem retorquiu, ufano que estava da justiça da atitude castigadora. E este, este tem dinheiro que lhe dão os da minha família e os meus amigos e nada. Nem uma prenda no Dia da Mãe. Este, era um adolescente de uns 16 anos, com cara de bebé assustado a sair da puberdade, mal, e ainda imberbe. Já sabes que se não me dás mesada também te não dou prenda. Disse. E não me ajuda nada em casa, não põe as coisas no lugar. Ai, não? Logo já vais ver como é, ouviu-se a voz de galaroz empinado, logo retornando ao jogo no telemóvel.

Eram ambos bons alunos e até bons filhos, disse ainda a mulher derretida, à pergunta da amiga sobre os estudos dos dois rapazes. Um estava a fazer mestrado e o outro andava no 12º Ano. Aparentemente, a censura leve e um tudo-nada carinhosa destinava-se apenas a chamar a atenção dos rebentos. A desviá-los das distracções tecnológicas.

Levantei-me e comecei a pensar se não será já tempo de indagarmos dos pequenos se tratam bem os pais, se ajudam em casa, em suma, se privilegiam os afectos, em vez das boas notas.

Discuti este pensamento com a minha filha no caminho para casa. Ela respondeu que lhe tinham enviado um mail com um texto repleto de diatribes contra o desrespeito dos mais jovens para com os mais velhos. E sabes de quando é o texto? Lembrei-me.

Pois, de um filosofo grego de séculos antes de Cristo!

E lá fomos as duas, numa cumplicidade de amigas e eu enviei às urtigas os psicólogos que acham
(agora)
que mãe é mãe e não uma amiga. E mais a opinião da minha mãe: o mal está em que agora os filhos tratam os pais por tu!

Mas, pelo sim pelo não, aconselhei a minha filha a ler “a máquina de fazer espanhóis”, de valter hugo mãe.

[9 de Maio de 2010]

escrito por Gabriela Correia, Faro

2 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Prendas a mim sabe-me sempre bem, gosto de ser presenteada, mas nunca de encomenda o que me dá mesmo mesmo prrazer é perceber o que descobriram que "advinharam ou pensaram" que eu fosse gostar, isso dá-me o sentido do que conhecem de mim quanto melhor me conhecem mais probalidade tem de acertar, seja dia da Mae, Anos, Natal ou qq outra circunstância, agora de encomenda não.......
Mãe amiga cumplice ser capaz de curtir bons momentos de prazer com os/as filhas/os uma boa conversa sobre qq assunto que a ambos/as interesse "um momento mae/filha/o" para mim é diferente daquilo que os psicologos falam em ser pai/mae e não querer ser O amigo/a. Não pertenço à area de psicologia mas entendi no que tenho lido que aquilo que é afirmado é que não nos devemos mãe/pai querer substituir aos amigos no sentido em que eles são durante a adolescência pedras basilares na formação da identidade do adolescente (a familia tb, mas com papéis diferentes)e que não se deve sair com os adolescentes aos sitios que eles devem ir com os amigos isto é as noite no bar ou semelhantes, essas vivências são com amigos não com pais, devemos discutir prevenir , estar atentos mas nas saidos devemos reservar mo-nos para cinemas, teatros, musicas, restaurante e outros à semelhança.
Ser a melhor amiga e ser mae nem sempre funciona porque dos pais os adolescentes esperam sempre (mesmo que o neguem) que lhes imponham limites sabem até aqui posso ir mais do que isto Não...e por razões que lhe são explicadas mas tb impostas
mas tb é conveniente que nunca digam a um filho/a quero ser tua mâe/pai e não teu amigo/a ele não perceberia o sentido da "coisa" teria que ser muito bem explicado...e o mais natural é não ser entendido
E estou a falar de adolescentes, claro em adultos somos todos adultos e em crianças as regras são outras
Jacinta

Anónimo disse...

Pois, não lhe sei responder. Era um "recadinho" para os psicólogos fundamentalistas. A minha filha já tem 28 anos! Embora eu a considere ainda o "meu bebé". E nisso é que temos de estar atentas, creio. Eu gosto que ela confie em mim e me confie coisas. Embora deixando espaço para a sua e minha intimidades
Gabriela