Para não esquecer...

DO CONTRA [67] pederastia salesiana

Na introdução de a potência de existir
[cujo primeiro parágrafo já aqui publiquei. No mesmo texto estão os dados bibliográficos],
Michel Onfray recupera as suas memórias dos quatro anos da adolescência que passou no orfanato dos padres salesianos
[apresentando-nos figuras como a do professor de Matemática, que "tem a mania de coçar a garganta, de encher a sua boca com escarros, mastigá-los como se fossem ostras, inchar as bochechas e, depois, engolir o seu ranho, como se se tratasse de um bom vinho de Bordéus"].
Entre as memórias, algumas relativas à pederastia, provando que o fenómeno é mais comum do que seria de esperar entre os que se consagraram a Deus e fizeram voto de castidade. Com as empregadas de serviço
[que "parecem saídas de um filme de Fellini. Uma delas coxeia tanto que está sempre na iminência de cair de costas; a outra ostenta um bigode de pedreiro português; outra ainda, comprimida numa blusa em nylon azul, está cheia de gordura por toda a parte"]
é "pouco provável que os salesianos cheguem a quebrar os seus votos de castidade". "Para aqueles a quem a libido tanto perturba, uma criança é mais do que suficiente".

"Um desses pederastas ensina trabalho manual". É ele quem salva do castigo o autor de qualquer aselhice. "Simultaneamente, cada um paga o resgate com um óbolo singular: sob pretexto de ensinar o gesto correcto, ele coloca-se por detrás de alguém, pede-lhe que ponha a mão em cima da dele para memorizar o movimento, e depois aproveita-se desse momento, fazendo-o perdurar, para roçar-se nas costas e nas nádegas da criança imobilizada contra o banco. O ritmo dos seus gestos corresponde ao de uma masturbação.

Outro dos pederastas ensina música". Esse "inflige-nos aulas de flauta e obriga-nos a tocar À la claire fontaine... Nesse momento, ele pede aos que estão na primeira fila que se dirijam para a última. Todos sabem o que isso significa. Enquanto nos concentramos na partitura e no manejo do instrumento, ele acaricia a cabeça de alguém, passa a mão pelo pescoço e desliza-a de quando em vez pela nuca, provocando por vezes a distracção do aprendiz de músico, sufocado pela sua camisa e aterrorizado pelo toque.

Também é ele quem se ocupa das actividades de canoa nas tardes de domingo. Claro que só são admitidos os internos que sabem nadar. [...]

Só há uma excepção: caso não se saiba nadar, é possível praticar a actividade, mas unicamente sob a condição de acompanhar o padre na sua embarcação. Quando o salesiano desafia o grupo com um percurso rumo à ponte do rio Orne, desencadeia-se uma fúria de remadores para ver quem chega primeiro à construção de ferro. Entretanto, o padre, executando as manobras com destreza, entra com a sua vítima no canavial, demorando o tempo necessário para deleitar-se sexualmente com ela; a criança abusada confessará posteriormente, sem constrangimento, e de uma forma um pouco ingénua, ter deixado que o padre lhe "fizesse cócegas"...[...]"

"Um terceiro padre também se dedica às criancinhas. No orfanato, ele ocupa um lugar privilegiado pelo seu mérito de Tutor de disciplina...; ainda não se diz Conselheiro de educação... Todas as crianças expulsas da aula sabem que ele passa regularmente pelos corredores, levando-as com ele por ter a possibilidade de suspender as represálias do pessoal docente mediante meios ad hoc. Ninguém quer ir parar ao seu gabinete.

Umas palavras também sobre o salesiano que se encarrega da enfermaria, à qual ninguém se dirige, e por um bom motivo: a mais pequena dor de cabeça vale ao queixoso ficar nu nesse momento e ser acariciado depois. Com as calças pelos tornozelos, quem proteste dizendo que a zona em causa não é aquela que lhe dói é avisado de que as complicações se ocultam por toda a parte! Aquele que apalpa o escroto diz, em seguida, que o aluno já pode voltar para a aula, e compensa-o miseravelmente com uma aspirina. Quanto às minhas dores de cabeça, essas, guardei-as para mim...".

escrito por ai.valhamedeus

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