Para não esquecer...

CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO 5 DE OUTUBRO

Hoje, é feriado! que bom!
[e é particularmente bom particularmente porque hoje seria, para mim, dia de substituição: e prefiro "dar" meia dúzia de aulas a sério a uma daquelas palhaçadas a que chamam aula de substituição].
Qualquer pretexto é bom para um feriado
[é pena não haver mais, com pretexto ou sem ele].
Ouço dizer que se comemora a implantação de uma tal República em Portugal. Não sei o que se celebra quando se celebra isso, mas grande coisa não há-de ser
[também não interessa: o que interessa é ser feriado].
Celebrar o presidente dessa tal coisa a que chamam República
[o tal ridículo Sr. Escusa para quem o Verão se está a prolongar demasiado? fosca-se!]?
O primeiro-ministro dessa tal coisa
[o tal presidente do conselho que se candidatou com um programa e nos desgoverna com outro? fosca-se!]
ou os governos que nos mantêm em crise desde que há governos?

A bandeira dessa tal coisa
[o tal trapo com "cores combativas e viris por excelência" e pontos brancos a recordarem visões de Jesus na cruz? fosca-se!]?
O hino dessa tal coisa
[uma música e uma letra que incitam -- a lembrar a al-Qaeda -- a marchar contra os canhões e restaurar impérios esplendorosos? fosca-se!]?
Não sei o que se celebra. Mas que é bom haver feriados, lá isso é.

Nota 1:
ontem, o comentador Sousa Tavares revelou que não há regimes monárquicos ditatoriais, ao contrário dos regimes republicanos. Acrescentou que deveriam exceptuar-se alguns casos ali para os lados da Arábia Saudita. Excepções. Esqueceu-se, insensato como é, de um pormenor: as excepções são, neste caso, relevantes, porque o número de monarquias é exíguo, quando comparado com o das repúblicas: era só fazer as contas e encontrar percentagens: mas talvez o homem não tenha calculadora...
Nota 2:
o (novo) chamado Estatuto do aluno decreta que "o aluno tem o direito e o dever de conhecer e respeitar activamente" a Bandeira e o Hino. Esqueceu-se o legislador de que o respeito não se decreta -- merece-se. Cá por mim, revelo, não sinto nenhum respeito, nem razões para o sentir.
escrito por ai.valhamedeus

6 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Chocantes estas considerações!!
Ana

Anónimo disse...

Sobretudo chocantes se considerarmos que o 5 de Outubro recorda o longínquo dia 5 de Outubro de 1143, data da Independência de Portugal à custa do muy esforçado Senhor Dom Afonso Henriques.

Não acredita

Confira por aqui

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Zamora

Duque de Lafões

Anónimo disse...

Muito bem vistas, por sinal. As considerações.
Comem-lhes as papas na cabeça, ou da cabeça, e continuam alegremente ignorantes.
Em França, por 2 anos no aumento da reforma, vai por lá um estardalhaço que só visto e aqui, que são 5 até ver, está tudo na paz do senhor.
Duque de Aveiro

Ai meu Deus disse...

Pois choca, Ana! Choca, choca. Ou, como diria O'Neill deste país republicano:

"País de eufemismos, à morte dia a dia
pergunta mesureiro: -- Como vai a vida?"

Ou ainda (o mesmo O'Neill):

"-- Neste país em diminutivo...
-- Respeitinho é que é preciso!"

Ainda que o rei (e todo o seu séquito republicano) vá nu, importa é que não se ouça o grito "O rei vai nu". Gritá-lo choca. Pois choca!

Carbonário disse...

Ou então:

"Coragem portugueses,
Já só vos faltam as qualidades!"

[ainda dO'Neill]

Ó Neill! disse...

Choca, choca anda a malta
Cabeça à roda
às voltas no ninho.
E o passarinho
sem saber da poda
seguiu chilreando
como está de moda
e não galou o ovo.
A fome foi chegando...
e o milhafre de S.Bento
que não dá o litro
deu ao seu amado povo
uma noite de foda
toda... «in vitro».