Inesperadamente, ou talvez não, Vargas Llosa, aos 74 anos, foi atropelado pelo Prémio Nobel da Literatura. A Academia, parca em palavras, foi adiantando uma justificação, também ela inesperada. Na língua de Cervantes
[e de Llosa]
a minudência telegráfica teve este recorte: "Por su cartografía de las estructuras del poder y sus mordaces imágenes de la resistencia individual, la revuelta y la derrota". Sem mais!
O jornal A Bola, que goza da fama
[e até do proveito]
de ter colaborado na instrução de várias gerações de indígenas, não perdeu a oportunidade de recuperar um texto [1982] do laureado com uma curiosa teoria sobre… o futebol.
«Há uns anos ouvi o antropólogo brasileiro Roberto da Matta dizer que a popularidade do futebol resulta da legalidade, igualdade e liberdade que lhe subjaz. Trata-se dum argumento ao mesmo tempo inteligente e divertido. Para Da Matta o povo vê o futebol como uma sociedade modelo, governada por regras claras e simples, que toda a gente compreende e que, se violadas, levam ao castigo imediato dos prevaricadores. Um campo de futebol é um espaço igualitário que exclui todos os tipos de favoritismo ou privilégio. Na relva marcada por linhas brancas, uma pessoa é avaliada pelo que é: pela sua habilidade, dedicação, imaginação e eficácia. Nomes, dinheiro e influência não contam quando chega a hora de marcar golos e receber aplausos ou apupos. O futebolista exerce o único tipo de liberdade que a sociedade permite aos seus membros: fazer tudo o que lhe apetece, dentro das regras. Será isto — a secreta inveja, a nostalgia inconsciente dum universo que é a antítese daquele em que vivem — que para Da Matta arrebata multidões.[Jornal A Bola, 8 de Outubro de 2010]
Pode esta teoria ser verdadeira?
[…]»
escrito por Jerónimo Costa
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Meu Deus, quanta patacoada! De que futebol estará ele a falar? Do da playstation? E desse ...
MC
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