Para não esquecer...

COZINHO PARA O ZÉ POVINHO - 1

Em tempo de crise não se limpam armas! Mas descascam-se batatas. Batatinhas portuguesas regadas com um fio de azeite português. Como acompanhante umas azeitonas pretas, de preferência. Como comia a minha Avó ao jantar. Não se fica a cantar o ano inteiro, mas dura-se até aos 86. E garanto-vos que eu comia e chorava por mais, quando ia cear com ela. À lareira e à luz da candeia. Mas isso foi no tempo da minha inocência. Quando nenhuma de nós sabia que existia o Japão. A Rússia sim, que a última conta do terço estava reservada "à conversão da Rússia". Que eu, na minha inocência, percebia Lúcia, ficando muito perplexa; então a Lúcia não tinha visto a Nossa Senhora? Ou ter-se-ia retractado e assumido não ter visto nada, necessitando assim de ser reconvertida? Mistério de magna importância que só deslindei aquando da cura da minha inocência e na entrada para as minhas heresias.

escrito por Gabriela Correia, Faro

0 comentário(s). Ler/reagir: