Para não esquecer...

À MEMÓRIA DE VICENTE ROMA

A avenida alargava-se à frente
Dos nossos passos.
O sol
As lojas abertas à alegria da azáfama
Eram vida.
Para ti era o adeus,
O início do teu anunciado fim.

Atentavas com exagero nos preços,
A realidade ali à mão.
Iludias-te para me iludir(es)
E o meu braço sentia o aperto
Da tua mão concreta
A comandar os passos,
A suspender o tempo,
A retardar momentos.

A foto no café majestático,
Majestoso, mágico.
Álibi do teu / nosso estar ali.
A chávena sobre a mesa,
A turista a fotografar o que já não era gente.

Para mim a cidade fica no caderno da felicidade
Para ti foi o desespero contido
Do impossível regresso.
Evoco a cidade,
Mas primeiro lembro-me de ti.
[Gabriela Correia]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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