Para não esquecer...

FERNANDO PESSOA E A TIPOGRAFIA IBIS

António Mega Ferreira no seu livro Fazer pela Vida, um retrato de Fernando Pessoa o empreendedor, afirma, na página 45
"... Fernando Pessoa foi a Portalegre comprar uma tipografia, que instalou na Rua da Conceição da Glória, uma perpendicular à Rua da Glória, onde por essa época passou a viver. Porém, essa tipografia, estranhamente, nunca chegou a funcionar"
E, a pgs. 60, reforça a ideia ao dizer
"... se exceptuarmos os parcos elementos impressos acima citados, não há nada, livro, folheto promocional, publicação jornalística, pagela piedosa ou calendário como os que então começavam a circular. Nada".
E, linhas depois, diz o autor que a empresa (IBIS) não resistiu às dificuldades financeiras e terá naufragado logo nos primeiros meses de 1910.

Ora, por essa altura, publicava-se em Loulé um semanário Republicano chamado O Povo Algarvio e, precisamente em 9 de Abril de 1910, saía o nº31 onde, por baixo da identificação do proprietário, director e administrador, Paulo Madeira, se dizia ter sido o jornal composto e impresso na Tipografia da Empresa IBIS, na Rua da Conceição da Glória, 38-40 em Lisboa. Nesse mesmo jornal se publicita a IBIS, anunciando que se trata de uma tipografia e editora que imprime sobre vidro, seda, setim, cortiça, arbustos e fitas funerárias... E durante algumas semanas O Povo Algarvio foi impresso nessa tipografia. Assim sendo, não é verdade que a tipografia nunca tenha trabalhado ou que tenha fechado logo no início de 1910. Para que conste.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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