Para não esquecer...

O QUE É UM POLÍTICO?

[Atendendo ao que escreverei a seguir, devo avisar os menos informados (sobre mim) que não sou nem nunca fui da área político-partidária de Passos Coelho].


Passos Coelho é acusado com frequência, e não apenas pelas hostes do pê-èsse, de ser pouco político ou um político inexperiente. O que está em questão é, aqui, o próprio conceito de político. Parece-me que, neste contexto, político tem um sentido profundamente pejorativo, quando o sinal deveria ser de sentido contrário: naquilo em que é criticado por inexperiência, Passos Coelho parece ser um político intelectualmente honesto.

Vejamos alguns exemplos, contrastando-os com um outro político experiente, quero dizer, um belíssimo exemplar do que é um político no pior sentido que a palavra pode ter.
  1. Passos Coelho (PC) anunciou a descida da TSU, à custa de aumentos de IVA. Sócrates (Soc) saltou nos palcos comicieiros contra a injustiça da medida anunciada. Pode-se discordar da medida
    [e eu discordo];
    o que não se pode censurar a PC é, sendo governo, fazer algo que não anunciou. E Soc? Não só escondeu, até lhe descobrirem o rabo, que se tinha comprometido com os troikos em relação a tal medida, como continua a não especificar o que fará, dizendo apenas, agora que não pode negar o seu compromisso, que irá estudar o assunto.

  2. PC entendeu que os certificados das Novas Oportunidades certificam a ignorância. Um insulto aos portugueses! gritou Soc nos palcos comicieiros. Inexperiência de PC, obviamente
    (experiência seria, socretinamente, esperar para depois das eleições).
    O problema é que, salvo honrosas excepções, PC tem razão: as NO certificam a ignorância. Não o dizer, é próprio de um político experiente; dizê-lo, é exigência de honestidade intelectual.

  3. PC declara que "Não veria impossível que se voltasse a realizar um referendo" sobre o aborto. Inexperiência óbvia: pôs-se a jeito do caceteiro de serviço Augusto Santos Silva -- "O PSD pretende pôr em causa avanços civilizacionais e o Serviço Nacional de Saúde. O doutor Passos Coelho procura provocar uma ruptura onde em Portugal se regista um consenso". Pode-se discordar da ideia de novo referendo
    [e eu discordo, sou militantemente a favor da despenalização do aborto];
    o que não se pode negar a PC é a hipótese de o promover ou simplesmente de o apoiar, muito menos servindo-se de argumentos tolos como os avanços civilizacionais ou, posteriormente, dizendo que o não anunciou.

  4. PC insiste na ideia de portagens em todas as Scut. Para cúmulo de inexperiência, fá-lo em Mirandela, numa zona sensível ao tema. O próprio candidato-cabeça do PSD pela zona discorda, experientemente. Um político experiente esperaria, socretinamente, pelo dia 6 de Junho e desculpar-se-ia com um álibi qualquer que lançasse a responsabilidade da coisa para o pe-èsse
    [recordam-se desta habilidade do experientíssimo Soc?].
    Pode discordar-se da ideia
    [e eu, que também moro em zona sensível a estas portagens, discordo militantemente];
    o que não se pode negar a PC é a honestidade que falta ao político profissional que é Soc, que porá portagens em todas as Scut, mesmo não o anunciando. Contra a vontade do próprio Soc, já se sabe. Por exigência de PC, pois claro...
escrito por ai.valhamedeus

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