Para não esquecer...

VOTAR NÃO É UM DEVER

Cavaco Silva anunciou, na sua página do Facebook

[um presidente muito modernaço. Quem diria de tal insosso...]
que, esta noite, apelará ao voto. Não vejo que tal apelo seja uma obrigação, mas entende-se. O que não entendo são outras duas ideias que Cavaco acrescenta ao anúncio e que, de tanto se repetirem, estão a transformar-se em evidências.

Segundo a primeira, votar é um dever. Não vejo razão nenhuma para defender esta ideia. Que o voto seja um direito, parece-me evidente: toda a democracia se deve basear no direito de voto, incluindo a democracia paralamentar e talvez até sobretudo esta: é através do voto que os políticos ganham a representatividade, seja lá isso o que for. Mas... dever... dever, porquê?

A segunda ideia parece-me ainda mais tola do que a primeira. Escreve Cavaco, ou alguém por ele:
"Quem não votar perde legitimidade para depois criticar as políticas do Governo".
Conheço boa gente a defender isto. Mas... que o presidente repita esta tolice é imperdoável. Não vejo que a crítica política
(no sentido pejorativo que o presidente lhe atribui: o de dizer mal)
tenha mais do que uma condição necessária e suficiente: para que eu possa dizer mal das "políticas do Governo", é necessário tão só que considere essas políticas más. Não é necessário ter votado para poder dizer mal do Governo.

Querem ver que, se eu não tivesse votado nas últimas legislativas, não poderia dizer que as políticas dos governos de Sócrates foram as piores que houve nas últimas décadas?! Hom'essa agora!... Só me faltava mais essa!...

escrito por ai.valhamedeus

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