Para não esquecer...

A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS E OUTROS PESADELOS


A tentativa de interpretação dos sonhos é coisa antiga, como se sabe. Porém o estudo do mecanismo dos sonhos é coisa mais recente, ao qual se dedicam cientistas conceituados, e entre eles investigadores portugueses. E eu pergunto-me: como é que a soma de tantos talentos dispersos por aí, dá este resultado? De lixo, para as agências de rating, sem gente capaz nas suas fileiras, ao que consta.


Mas não é desta problemática que quero falar. Ou antes, escrever.

Esta noite tive um sonho. Sonhei que andava pelas ruas cheias de velhos apoiados em bengalas. Nada de cajados. Bengalas: de pau de nogueira, com incrustações de madrepérola umas e punhos em forma de cão sem rabo, ou galo sem crista; de metal com um mecanismo de encolha (não por acaso) outras. Quase todas usadas por homens. As mulheres, apesar de velhas, caminhavam direitas com catraios pela mão, de pastas enormes às costas. Carros passavam velozes com cinquentões grisalhos ao volante, alguns sentados no banco traseiro, de fatos escuros. Reparei, admirada, em quarentões de fato e gravata, de pasta na mão, com ar apressado à espera que o sinal abrisse para atravessarem a rua. A pé. Oh, Deus! Pensei: isto é sonho, ou um jogo de computador?

Liguei o computador e por entre mails de amigos e conhecidos, esgueirava-se um proveniente de uma instituição com desejos de Boas Festas e Um Próspero Ano de 2012! Em nome do presidente.

De repente achei-me num espaço todo branco, paredes, corredores, mesas, cadeiras e até luzes. Deduzi: meu Deus, fiquei doente e estou num hospital. Mas o barulho era insuportável, berros de canalha pequena ou nem tanto, uma ou outra voz sumida a tentar explicar por que é que a palavra facto não perdia o c, mas ninguém parecia interessado no assunto. Afinal, era uma escola. Salas com 30 alunos, ou mais, sem professores, nem aulas de substituição. Aonde se meteram todos? Ninguém me respondeu e os berros subiram de tom, se é que era possível.

Mas já o cenário era outro: encontrava-me agora, num espaço que deduzi ser um aeroporto, pelo troar de motores a jacto, numa azáfama de descidas e subidas, afugentando pássaros desarvoradamente perdidos. E já a entrar no bojo de um dos pássaros metálicos, reluzindo ao sol melancólico do poente, a minha única filha a acenar-me um adeus que me desorientou: mas aonde é que ela vai? E sem mim!... Alguém ao meu lado, que no sonho me pareceu um político todo penteadinho, segredou-me: arranjou emprego no estrangeiro.

Graças a Deus, exclamei, aliviada. Mas não sei se por esse facto, se por ter acordado do pesadelo.

escrito por Gabriela Correia, Faro

2 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Assim o governo mata dois coelhos com uma só cajadada: livra-se dos números do desemprego e das manifes da "geração à rasca", tal como dos indignados.Eh,eh,eh!
Zé do Telhado

GM disse...

Realmente há governos que na sua insensibilidade e pragmatismo utópico pretendem de uma assentada resolver dois ou mais problemas mas que até à data não tem conseguido solucionar (manifestações de indignação, descontentamento e protestos). Está por solucionar o grave problema económico e está a aumentar a desconfiança dos portugueses sobre sua capacidade de governar o País, de impedir a instabilidade social e o aparecimento do sentimento de insegurança na população.