Para não esquecer...

ACORDO ORTOGRÁFICO E VASCO GRAÇA MOURA

Ignoro as razões pelas quais foi feito o acordo ortográfico. Acordos têm sido feitos ao longo da história portuguesa. Não me repugna nem me entusiasma. Sobre o conteúdo e sobre o mérito não me pronuncio, por não dispor de elementos que me permitam uma posição sustentada. Em princípio, nada a opor.

O que acho caricato, e por estar no âmbito da política pura e dura, é a posição de Vasco Graça Moura. O Vasco Graça Moura achou que no CCB não havia de aplicar o acordo. Nada tenho a favor nem contra, como já disse. O que acho estranho é que o governo, muito teso na defesa da sua autoridade, perante esta decisão de um seu comissário, assobie para o lado e se escude em questões formais para nada dizer. Tivesse tal posição sido tomada por um qualquer subalterno -- e eis que o governo, com o Sr. Portas à cabeça, haveria de colocar a autoridade do Estado no seu lugar, como estão a fazer com os miltares. Mas, como é o Vasco da cultura, o governo acha bem meter a caudinha entre as pernas.

A minha experiência com o poder

(contra o poder, sempre)
é que o dito é cobarde. Sempre será -- e basta alguém bater o pé, já ele não sabe o que fazer.

escrito por Carlos M. E. Lopes

4 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Tem toda a razão na sua análise, mas eu congratulo-me com a posição desse senhor. Mesmo sendo ele arrogante: é preciso um debate sério sobre o AO. Se compararmos os custos com os benefícios deste Acordo, para onde tenderá o fiel da balança? O próprio Agualusa diz que é um mau acordo, e que devíamos ter ido mais além. Mas não especificou.
Portanto, se é mau, para quê tal acordo?
Gabriela

Anónimo disse...

Os debates que se têm instalado por aí tem se defendido que o acordo não é obrigatório em termos literários pq é um acordo político. Escritores há que publicam com a antiga ortografia outros pq publicam tb no Brasil, preferem a nova.
Das pequenas entrevistas que aparecem diariamente no telejornal da manha parece que o pessoal sabe bem com as novas regras.
Mas a questão que nos debates eu não vejo resposta è:
se não é obrigatório para escritores porque será nas Escolas.....possivelmente se um escritor quiser escrever em português do século XII pode fazê-lo, só que pouca gente o lê.... será?
IR

Anónimo disse...

Como, diz e muito bem, qual o prblema do acordo? Muda a grafia, nada mais e no sécul XX mudou diversas vezes. A fala não muda nem agora nem nunca.
Tudo é político. O Graça Moura quer que não haja acordo, está no seu direito. A nova grafia só é realmente obrigatória a partir, suponho, de 2014. Até lá, cada um adopta ou não adopta. Nã é só no CCB que a coisa está assim. A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, por exemplo, que é de letras e tutelada pelo Estado, também não obriga até ao prazo limite a seguir o acordo. Até à data que se trne lei o acordo é para ser tendencialmente cumprido. A partir do momento que for lei, cabe às estruturas do Estado punir os prevaricadores. Onde está a dúvida?
AM

Rompendo a Tola disse...

Estou completamente embaralhado (sic). Agora, de repente, há quem não adopta e há quem se adapta. Há quem diz mal deste acordo, mas chagava a vida aos que cometiam erros ortográficos no antigamente da vida deste bolg. Já aqui assisti a guerras do alecrim e do manjerico por causa de um «c» ou um «r» mal postos.
Viva o regabofe até 2014.
Depois virão novas guerras travadas pelos censores, novos donos da ortografia moderna. Esses e essas que rapidamente se farão especialistas no uso do corre(c)tor ortográfico para fustigar os mais pobres ou mais desleixados. Já estão em marcha os novos cruzados. Cuidado! Não sabem falar, mas não há erro ortográfico que se lhes meta nas dobras mal talhadas do seu discurso escrito. E então... é fartar, vilanagem!