Para não esquecer...

5 DE OUTUBRO

 

O texto de João Quadros no Jornal de Negócios de ontem é sobre o feriado de hoje:
Amanhã é dia 5 de Outubro, feriado pela última vez, e eu nem devia dedicar muito tempo aos cento e dois anos da implantação da República, porque ela está caquéctica e não ouve nada do que lhe dizemos.

Aconselho os pais a não tentarem explicar às crianças o que é o 5 de Outubro com recurso ao Google. Não há busca que não dê uma mulher em mamas. Eu sou republicano, e tenho amor à república, porque foi o primeiro par de maminhas que vi e nenhum miúdo esquece isso. Infelizmente, agora, olho para o busto da República e vejo a Merkel…quando era nova e passava fome na RDA. Já não consigo festejar este dia. Só festejo quando passa o Dom Duarte, e é só para chatear.

Para os interessados, a cerimónia oficial tem início às 11h30, segundo me contaram, nos Paços do Concelho, em Lisboa, e começa com o discurso de Cavaco Silva à nação - mas baixinho porque é feriado e a nação ainda está no segundo sono. Foi isto que aconteceu o ano passado e, mais cavalo da GNR menos cavalo, a coisa nunca muda muito. Provavelmente, o discurso do presidente visa homenagear o último aniversário da implantação da República e recordar que foi a monarquia a responsável, em 1418, pela descoberta da Madeira. Se é para ir passando as culpas de uns para os outros é preciso deixar bem claro que o João Gonçalves Zarco e o Tristão Vaz são os pais do monstro. Sim, são os dois pais, porque num barco com marinheiros já se sabe.

Amanhã, o Palácio de Belém assinala a data com as portas abertas aos cidadãos - o cidadão pode ver mas não pode mexer. Às 14 horas vai haver um jogo das escondidas entre os cidadãos e a primeira-dama. O cidadão que for o último a ser encontrado é adoptado pelo casal presidencial e fica lá a viver ; mas tem de dormir no beliche da Manuela Ferreira Leite. No de baixo, que ela gosta de subir e descer escadas.

[Montagem sobre foto do 5 de Outubro de 1910, Dia da República, do arquivo da AML-AF]

Cinco de Outubro é uma data que as pessoas vão esquecer porque já não têm um feriado para lembrar. E é uma chatice porque a minha mãe faz anos amanhã e era graças ao feriado que eu nunca me esquecia. É a vantagem do feriado Nacional: é um sistema que não falha quando é para recordar datas. É muito melhor que alarmes de telemóvel e que o Facebook. Dava-me imenso jeito, se fosse feriado Nacional sempre que algum amigo meu, ou familiar próximo, faz anos. Um indivíduo acordava a pensar: "tenho que ir trabalhar… espera lá, hoje é feriado! Querida, hoje é feriado porquê?" "Então, é o Nove de Novembro - faz anos o teu Tio que está em Bruxelas. - Pois é! Vou-lhe já ligar!" Se eu alguma vez mandar neste país (como ditador, claro, que eu nem urtigas divido) a primeira coisa que faço é instalar um sistema de feriados em função da minha agenda. É um promessa que aqui fica, caros eleitores.

Vamos lá ao Cinco de Outubro para não parecer que eu ando a fugir à crónica. Faz precisamente hoje, feriado Nacional, 104 anos que se deu a Independência da Bulgária! Palmas para a Bulgária! Muito, muito bom, para a Bulgária. Já está velhota mas ainda é independente. Ser independente com 104 anos, não é para todos. Tenho que a apresentar ao Manoel de Oliveira. 

Bom feriado. Aproveitem, porque destes é o último.
escrito por ai.valhamedeus

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