Para não esquecer...

EX-CITAÇÕES * 125. ...pólvora à valenciana

A pretexto das cargas policiais sobre as manifestações estudantis em Valência, escrevia Manuel Vicent, no El País de 26/2/2012:

A adolescência é uma idade complicada, cheia de turbulências, fácil de manipular em alguns casos, mas ao longo da vida destes escolares não haverá mais um tempo em que a sua ira seja tão limpa, desinteressada e arrojadiça. Para eles a injustiça não é uma ideia abstrata. Sofrem-na cada dia nos institutos e escolas públicas degradados, na deterioração dos bairros onde crescem em geral sem outra saída que não seja a de exprimir as suas neuras com spray nos muros. [...] Ao contrário do movimento do 15-M, a cólera destes estudantes não deriva de um mal-estar difuso que pode encher de pancartas e gritos uma praça para se dissolver pouco depois no ar. A sua rebeldia já é um poder que se canaliza e se desenvolve nas salas e pátios do Ensino Público, um âmbito cada dia mais irrespirável. Há que conhecer Valência. Nessa terra dão-se as fricções ideológicas mais violentas. Engana-se quem pense que se trata de uma sociedade arrebanhada, conformista e paelheira, pelo facto de ter dados três maiorias absoluta a uma direita que se tem movido à sua vontade entre o esbanjamento provinciano e a corrupção impune. Debaixo desse conformismo há muita pólvora acumulada.  
escrito por ai.valhamedeus

2 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Não é preciso ir a Valência, basta ter assistido ontem aos Prós e Contras, na RTP. Agora sim, têm interesse, com gente autêntica e responsável, a quem as falinhas mansas não convencem. Estou a falar dos 2 jovens que intervieram. A maioria dos deputados teria muito a aprender com eles. Quanto ao Sr. Ministro presente, ai Jesus, valha-me Deus...
Gabriela

Anónimo disse...

a verdade é que todos se queixam dos políticos, mas todos querem ir para lá... a ingenuidade daqueles que se manifestaram a propósito da tsu virou agora nas manifestações mais pequenas em autêntica luta política. agora os cartazes são bem claros: substituir este políticos por políticos de esquerda, sejam eles quais forem... como faz o sr arménio, o sr jerónimo, o sr louçã.
era bom que todos os indignados olhassem para trás e se lembrassem, por exemplo, da alegoria dos porcos "Todos os porcos são iguais... mas uns são mais iguais que outros". transposto para os críticos dos políticos (que de facto desde o poder central ao mais pequenino do local, deveriam ser postos no alto mar e serem afundados - tal como afundaram e afundam o país), estes políticos supostamente de direita são maus, rua com eles, que nós os de esquerda ocuparemos os seus lugares... palavras para quê