Para não esquecer...

hoje é sábado 203. UM DIA DESTES, ZÁS!, MORRO

Entre Deus e o Diabo venha o Diabo e escolha.
Entre amar-te e a vida te escolho ó dia como
uma doença de pele e te redijo
por palavras minhas tão envergnhado ó dia!
conforta-me e lava-me de toda a porcaria que eu
com a unha da melancolia te corrijo.

Em Lisboa perdi a paciência,
fui crucificado morto e enterrado.
Ressuscito-te dos mortos. E dentro da barriga te persisto
e entre dentes te percorro de solidão inesperado.
A ti recorro ó cirurgião estou tão zangado tão zangado
e morro porque não tenho idade para isto!
[PINA, Manuel António, TODAS AS PALAVRAS -poesia reunida (1974-2011), Assírio & Alvim, s/l, 2012, pág. 42]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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