…”Os governos deveriam zelar pela felicidade dos cidadãos. Uma ideia básica que, hoje em dia, é tida como irresponsável, só porque não dá bons resultados na folha do Excel. (…)[Manuel Halpern]
E se não é rentável ter filhos, tão pouco é ter velhos, que só dão prejuízo e ainda escrevem cartas às Juntas de Freguesia. Muito menos doentes, que nem cartas escrevem; para não falar dos desempregados que, aprofundando a lógica, deviam morrer à míngua e assim aliviar as taxas que tanto preocupam os nossos parceiros europeus. Se o avô não dá lucro, atira-se pela janela.
Defenestrar avós não é permitido por lei. À sociedade resta algum bom senso e respeito pelos valores básicos. E mesmo a actual política não prevê tal acto, (…)
Há uma cegueira de curto prazo, da lógica imediata, que invalida saídas futuras.(Por ex: a saída do governo?) Esta lógica não só compromete o médio e o longo prazo como, por absurdo, inviabiliza a eficácia no prazo mais curto. Na Bélgica, há já muitos anos, resolveram iluminar as auto-estradas. (Eu sou testemunha: era uma profusão de candeeiros, um ambiente feérico, a perder de vista; tinha a minha filha 4 anos. Já tem 31. É só fazer as contas).
Através de um estudo, chegaram à conclusão de que a melhoria das condições de segurança na via compensava financeiramente, poupando-se não só em vidas humanas como em tratamentos hospitalares. Por cá desinvestem na saúde, nos transportes, na educação, na cultura, sem que se apercebam de que a médio e longo prazo o prejuízo (mesmo o financeiro) será altíssimo. O problema não é da folha de Excel, mas sim da fórmula utilizada.
escrito por Gabriela Correia, Faro
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