Dai-me uma lei, Senhora, de querer-vos,
Que a guarde, sob pena de enojar-vos;
Pois a fé que me obriga a tanto amar-vos
Fará que fique em lei de obedecer-vos.
Tudo me defendei, senão só ver-vos,
E dentro na minha alma contemplar-vos;
Que se assim não chegar a contentar-vos,
Ao menos nunca chegue a aborrecer-vos.
E se essa condição cruel e esquiva
Que me deis lei de vida não consente,
Dai-ma, Senhora, já, seja de morte.
Se nem essa me dais, é bem que viva,[Camões, Luís de, Poesia Lírica, Bibloteca Básica Verbo, 32, Lisboa, 1971, pág. 82]
Sem saber como vivo, tristemente;
Mas contente estarei com a minha sorte.
escrito por Carlos M. E. Lopes
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