nem sempre vestiste
a indiferença forçada que te cobre e te oculta
tempos houve em que fazias de cada palavra uma ode
de cada gesto um festim
de cada ausência um fado incerto
agora navegas à deriva
num oceano sem ondulação nem ventos bonançosos
onde por vezes
confundes escolhos com terra firme
e é então que afastas o manto que te cobre
por breves momentos, apenas,
na esperança de que as gotas de chuva sussurrem o teu nome
efémera é a passagem da chuva
e pesado o silêncio que a arrasta para fora do teu horizonte
[JOÃO CARLOS ESTEVES, in Inventei-te as manhãs (Chiado Ed. 2013)]
0 comentário(s). Ler/reagir:
Enviar um comentário