Para não esquecer...

ILUSTRAÇÕES... DE UM OUTRO SENTIR * 13



EFÉMERA É A PASSAGEM DA CHUVA 
nem sempre vestiste
a indiferença forçada que te cobre e te oculta
tempos houve em que fazias de cada palavra uma ode
de cada gesto um festim
de cada ausência um fado incerto
 
agora navegas à deriva
num oceano sem ondulação nem ventos bonançosos
onde por vezes
confundes escolhos com terra firme
 
e é então que afastas o manto que te cobre
por breves momentos, apenas,
na esperança de que as gotas de chuva sussurrem o teu nome
 
efémera é a passagem da chuva
e pesado o silêncio que a arrasta para fora do teu horizonte
[JOÃO CARLOS ESTEVES, in Inventei-te as manhãs (Chiado Ed. 2013)]


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