Para não esquecer...

hoje é sábado 282. AO NOSSO AMOR INACABADO

AO NOSSO AMOR INACABADO (1)
À Mila

Mila
Que sabes tu do nosso amor?
Do fundo ignóbil do meu medo
À limpidez do teu olhar?
Que sabes tu do meu desespero?
Da vontade, da fúria e da angústia
por um moçambicano a menos nos nossos braços?

E esta lança atirada no cosmos
estas Luas pálidas para sempre
este naufragar íntimo que me rebela?
Que sabes tu dos meus versos?
Do silêncio quase forçado
à raiva de ser imperfeito?

Mila
do perdão
noites contínuas acto-contrito
solicito-me e solicito-te
esta derradeira autocrítica
tão necessária ao tempo essencial
do nosso Amor inacabado.
(Setembro, 1973)

[Da Silva, Calane, Dos Meninos da Malanga, Planeta editores, Maputo, 2013, pág. 43]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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