Para não esquecer...

hoje é sábado 285. TABERNEIROS

Numa sórdida tasca, húmida e escura,
O taberneiro, de a bonacheirão,
Como quem tem nas mãos o coração,
Vende, por bom, uma banal mistura…

E o freguês, pobre e ingénua criatura,
Que rejeitar devia a podridão,
Bebe-a com tal prazer, sofreguidão
Que chega a ser bem cómica figura!

Fazendo, assim, por aumentar a pança
do jovial e oleoso vendedeiro
Que, mal o vê em cega contradança,

O invectiva de besta, de casmurro;
E, em paga de ficar com seu dinheiro
Prega-lhe violento e forte murro!
[Gago, Adolfo C., Lágrimas de Luz/ Sob o império da verdade, Edição da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António (prefácio de Teresa Patrício), VRSA, 2001, pág.31-32 (do Sob o Império da Verdade)]

escrito por Carlos M. E. Lopes

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