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QUEM SABE?!
Eu sigo-te e tu foges. É este o meu destino:
Beber o fel amargo em luminosa taça,
Chorar amargamente um beijo teu, divino,
E rir olhando o vulto altivo da desgraça!
Tu foges-me, e eu sigo o teu olhar bendito;
Por mais que fujas sempre, um sonho há de alcançar-te
Se um sonho pode andar por todo o infinito,
De que serve fugir se um sonho há de encontrar-te?!
Demais, nem eu talvez, perceba se o amor
É este perseguir de raiva, de furor,
Com que eu te sigo assim como os rafeiros leais.
Ou se é então a fuga eterna, misteriosa,[Florbela Espanca, O Livro d'ele (1915-1917) in Poesia Completa]
Com que me foges sempre, ó noite tenebrosa!
Por me fugires, sim, talvez me queiras mais!
foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.
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