Dormem os génios que povoam[Oliveira, Carlos, Trabalho Poético, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003, pág. 85]
a habitação dos sonhos,
dormem os símbolos e a dormir deponho-os
onde as coisas da vida não perdoam
Ainda bem que dorme tudo
o que limita o lume das areias,
como o silêncio preso nas cadeias
e o sossego das casas, ósseo e mudo.
Lá no fundo de tudo um mar parou:
e peixes como a luz ou detritos de fragas
apagam-se no fósforo das vagas
que uma respiração polar gelou
Carnosa e nuas vais surgindo, vida,
dessa água extinta, do instinto morto:
e às portas da verdade que suporto
chama a tua nudez, repercutida.
escrito por Carlos M. E. Lopes
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