[A Manuel Duarte de Almeida][Quental, Antero, Sonetos, livraria Sá da Costa, Lisboa, 7ª edição, 1984, pág. 88]
Tu que não crês, nem amas, nem esperas,
Espírito de eterna negação,
Teu hálito gelou-me o coração
E destroçou-me da alma as primaveras...
Atravessando regiões austeras,
Cheias de noite e cava escuridão,
Como num sonho mau, só oiço um não,
Que etrnamente ocoa entre esferas...
- Porque suspiras, porque te lamentas,
Cobarde coração? Debalde intentas
Opor à Sorte a queixa do egoísmo...
Deixa os tímidos, deixa os sonhadores,
A esperança vã, seus vãos fulgores...
Sabe tu encarar sereno o abismo!
escrito por Carlos M. E. Lopes
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