Para não esquecer...

DO CONTRA [110] a revolução da compaixão


aqui disse o que penso sobre as frases "bombásticas" do atual Papa Francisco, que têm eco nas redes sociais e nos meios de comunicação, que as apresentam como "revolucionárias".

Continuo com a mesma opinião: no fundo, a "revolução" do Papa Xico não passa de uma série de tretas. Areia para os olhos -- com que muita gente se deixa cegar.

Seja a novíssima Exortação apostólica Amoris Laetitia. Pareceria que Sua Santidade (SS) renovou a doutrina da Igreja sobre a nova realidade das famílias -- os gays, os divorciados... Na realidade, o que SS pede é que a Igreja olhe com compaixão para a nova realidade das famílias.

COMPAIXÃO, sublinho eu. Compaixão?! compaixão, a avó dele!

O Papa desafia a Igreja Católica a ser misericordiosa com quem se divorciou ou vive uma união fora do casamento. Esta é a novidade de SS: pregar a compaixão. No resto, o que é que ele defende? Isto: "Francisco não autoriza explicitamente a comunhão aos católicos recasados, um dos temas que despertou mais paixões no inédito debate interno".

...uma revolução do caraças, como se vê. A revolução da compaixão.

escrito por ai.valhamedeus

11 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Mas também para que é que eles precisam de uma hóstia, que nem sabemos se faz mal ao estômago?
Jaquim das Iscas

Anónimo disse...

Se nem crente ou católico é, não sei porque se preocupa tanto por aquilo que a Igreja faz ou não.
Uma coisa é certa: seja como for, você nem vai ser coagido a mudar de vida, nem tão pouco a seguir os santos mandamentos. O papa xico faz aquilo que deve fazer e são os fieis da sua Igreja que o devem julgar, não os não crentes, ou quaisquer outros.
Zé dos Anzóis

Ai meu Deus disse...

Hom'essa! Não faltava mais nada! Avalio as ideias do papa (e de qualquer figura pública) sempre que me apetecer. Para concordar ou discordar.

Anónimo disse...

não é a avaliação das ideias ou dos discursos que está em causa. isso advém do inalienável direito de opinião.
o que não está habilitado a fazer é propor ou dispor daquilo que é a linha doutrinária, neste caso da igreja católica, só isso. ou seja, não lhe compete a si discutir doutrinariamente os dogmas do catolicismo, sejam eles referentes à transubstanciação, ao casamento, etc... por isso é que são dogmas que apenas marcam a vida de quem escolhe acatá-los. e como sabe os dogmas aceitam-se, de preferência com total liberdade e discernimento, não se discutem.

Ai meu Deus disse...

Não faltava mais nada (mais uma vez)!

O meu amigo/a assuma a atitude que melhor entender em relação a dogmas (algumas dessas doutrinas nem são dogmas. Mas prontusss!...). Eu faço o mesmo: discuto. Para mim, não há dogmas. Ofereço-lhe os (que, na sua opinião, deveriam ser) meus. Junte-os aos seus, que assim fica mais rico. Eu prefiro a pobreza dogmática.

Anónimo disse...

Como é que se pode ter discernimento perante um dogma? E em liberdade?
Alguém me explica? O dogma é a negação de qualquer discernimento. Em liberdade, posso entender, pois cada um é livre de acreditar em balelas que lhe queiram impingir, nomeadamente as religiões, ou seitas religiosas.
Aconselho-o a ler, anónimo, o livro de Amin Maalouf "Leão, o Africano" onde "se vê claramente visto" o resultado dos dogmas.
Zé do Boné

Anónimo disse...

Pois é assim mesmo: só em liberdade se pode aceitar um dogma, não de outra maneira.
A fé não tem fundamento racional, não sei qual a dificuldade em aceitar isso. Ninguém é obrigado a creditar no que quer que seja, mas quem acredita, não é menos digno nem menos inteligente que os que não acreditam. Esse tempo da crença pelo temor e tremor já lá vai.
há crentes em todos os ramos do conhecimento, digamos assim, crentes esclarecidos, não me vão dizer agora que são uns coitados, que só os não crentes é que não seguem balelas.
Já agora para os não crentes era bom que reflectissem em duas coisas: 1. 100% dos humanos racionais, num momento ou outro da sua vida questionam a existência ou não de Deus, de um Absoluto - tal como vocês, a seu tempo o fizeram; 2. questões decisivas sobre o aparecimento e desenvolvimento do ser humano e da vida humana no planeta terra permanecem desconhecidas e as tentativas de explicação científica são tão dogmáticas quanto as explicações religiosas. Como nos diz a ciência são apenas hipóteses, nada mais...
A modéstia fica bem a todos os que se dizem esclarecidos e bem informados.

Ai meu Deus disse...

Caro/a anónimo/a,

a sua atitude (o seu discurso) tem muita "piada". Começarei pelo fim e, apesar de ter escrito para "vocês", assumirei apenas a minha parte.

1. Confunde modéstia com servilismo (se preferir, escolha outra palavra). Modesto, eu sou: há coisas que entendo/sei e coisas que não entendo/sei. Em relação a estas segundas, assumo que não sei. A sua atitude é de aceitação das respostas que outros lhe dizem, mesmo não as entendendo. Isto é servilismo (ou algo do género) e não imodéstia -- e eu não estou nessa.

2. Nunca lhe neguei o direito de aceitar os dogmas que entender. Mais: por lhe ter reconhecido esse direito, até lhe ofereci os dogmas que me tocariam a mim. Não lhe chamei coitado (nem a si nem aos crentes), apesar de achar que alguns dogmas são autênticas tolices (tenho o direito de achar isso?). O facto de eu achar que são tolices não implica que negue o direito de alguém as aceitar (pelo contrário, lutarei, se necessário for, pela defesa desse direito).

3. A (minha) dificuldade em aceitar a irracionalidade (ou a arracionalidade) da fé está aqui: não vejo outro motivo para a aceitar. Se quem aceita algo sem motivo é menos inteligente? Não sei -- eu é que não percebo essa aceitação.

4. A sua modéstia poderia aconselhá-lo a ter mais cuidado nos conselhos que dá e nos juízos que faz. Como é que sabe que "a seu tempo" eu fiz o que diz que fiz? (só porque, imodestamente acha que se deve fazer?) E como é que sabe que eu não continuo a fazê-lo?

5. "as tentativas de explicação científica são tão dogmáticas quanto as explicações religiosas". Não comento -- tão evidentemente esta afirmação é falsa.

Ai meu Deus disse...

Já agora... só mais isto: não acho que a fé tenha que ser irracional ou arracional. Pode (e, no meu entender, deve) ser racional. Ou antes, é esta fé que eu aceito. A outra (a dogmática), ofereço-a (de borla!) a quem a quiser.

Anónimo disse...

Muito obrigado, ai meu Deus, pela sua réplica tão bem argumentada. E com a habitual clareza. Subscrevo inteiramente tudo o que escreveu.
Mas continuo a aconselhar a leitura desse livro ao/à anónimo/a.
Os 5 pontos do seu argumentário estão lá todos: a humildade, a fé racional, os dogmas, as barbaridades das religiões(?), ou antes dos interesses económicos, em nome de Deus! E outros.
E vem-nos à memória o que Saramago disse em resposta a uma pergunta do entrevistador: "não sei se o mundo seria melhor sem as religiões, mas sei que seria muito melhor se as várias religiões não se digladiassem". Que acha desta fé e desta humildade, anónimo/a?
Zé do Boné

Anónimo disse...

Acho muito bem. Nada tenho a contestar.
o problema não está na religião, mas nos homens. Cito-lhe um poeta,
Baudelaire quando defende que a natureza não ensina nada, “ela constrange o homem a comer, beber e dormir […] é a voz do nosso interesse […]. Na natureza apenas há atrocidades”. Podia citar Hobbes e a habitual parlenga de que "o homem é lobo do homem". E tantos outros. Colocar Deus no centro dos problemas quando há mais de cem anos as grandes guerras nem sequer são religiosas - mas de facto foram grandes guerras -, tal como o conflito actual oriente-ocidente...
sou crente, religioso ou espiritual, como agora se usa dizer, como dizia Rousseau mais cristão que católico. Não sigo dogmas mas também não quero explicar a fé pela razão - esse foi um dos "dogmas" dos medievais intelectualizados. Creio apenas...
Por acaso não li esse livro que sugere, mas li muitos outros no mesmo sentido, inclusive o Saramago, que são os únicos dele de que verdadeiramente gosto - o Evangelho e o Caim...
Se teve dúvidas ou não, isso é inquestionável, para si e para todos: não há seres racionais que num momento ou outro da sua existência não se questionem sobre a existência ou não de um ser Superior. Lamento mas você também não foge à regra, é uma impossibilidade.
E quanto à ciência, espero que tenha compreendido: não é nas suas realizações que é dogmática, apenas nas suas suposições, que são muitas, se quiser posso citar-lhe algumas, mas também as conhece - e imagine que até alimenta o famoso mito de Geia...