Para não esquecer...

EUTANÁSIA: A SAGRADA ALIANÇA CDS-PCP


Percebo a posição do CDS sobre a eutanásia. E continuo a tentar perceber a do PCP.

Tenho já várias hipóteses: terá o PCP votado ao lado do CDS

escrito por ai.valhamedeus

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Anónimo disse...

Mas desde quando uma assembleia está mandatada para decidir daquilo que só compete a cada um? O Estado em nome de um poder que não lhe pode ser conferido usurpa a decisão individual e ao gosto das modas e torna-a em lei universal.
Ao Estado cabe garantir o direito à vida tal como está na Constituição. Daqui decorre que qualquer "atentado" à mesma nos termos da discussão da eutanásia respeita apenas à decisão individual de cada um. O Estado em momento algum pode obrigar os seus funcionários a por termo a uma vida, seja porque motivo for e a pedido de quem for. Mas os indivíduos e as famílias ou os mais próximos podem e devem. Se querem ajudar a morrer alguém ou a si mesmos, força. Nada os impede e o Estado nada tem que ver com isso. Isto nada tem que ver com ideologia, crença, religião ou o que quer que seja. Desde que o mundo é mundo, que centenas de seres humanos, diariamente, decidem, voluntaria e livremente, por termo à vida. Os crentes nunca pediram conselhos às Igrejas para se suicidarem e os não crentes ou agnósticos fizeram o mesmo em relação ao Estado. E é assim que deve continuar a ser: quem se quiser matar ou ajudar outrem que lhe peça a tal, nada o impede. Este sim, é um acto de liberdade individual que deve ser respeitado.
Agora querer obrigar os funcionários do Estado a executar actos que cada um de nós, covardemente em nome do bem estar do outros mas que reflete de facto o nosso egoísmo de nos libertarmos o mais rápido possível de situações penosas, não são decisões dignas de um ser humano. Nós temos a obrigação de cuidar uns dos outros. E para assim ser, em termos médicos é simples: a todos os indivíduos devem ser prestados cuidados o mais natural possível para os manter vivos. Uma máquina, alimentação artificial e outros artficialismos, não são naturais e por isso, suspender esses tratamentos a pedido da família ou por decisão médica, não é nada de mais, é aliás a prática do quotidiano.
Coisa diversa é pedir para me matarem ou matarem um familiar ou amigo, porque está a sofrer, o que aliás é outra falácia destes argumentos. Hoje a medicina tem capacidade mais que provada de reduzir o sofrimento físico a quase zero. Se o fizer o deixar correr a vida no seu processo normal, a pessoa acaba por se finar com toda a naturalidade. Já sei que há casos residuais que assim não é...
Só por covardia e má fé é que as sociedades querem que o Estado mate aqueles que já não servem para nada. Só estorvam. Por favor sejam homens e mulheres responsáveis e perante uma situação limite, usem a vossa liberdade e ajudem a morrer quem assim o desejar, mas por uma questão de má consciência e "lavar das mãos" não queiram que seja um profissional da saúde a cumprir uma lei que para nada serve senão para lhes aliviar a consciência. acompanhem as noticias, vejam a história e sigam o exemplo dessa gente valorosa que teria vergonha de obrigar outros a executar as suas decisões nesta questão limite.
Era bom que as sociedades democráticas se preocupassem de facto com a liberdade individual em vez de legislar para o alívio de consciências e a eliminação de um obstáculo económico que toda esta gente representa. Os mandatos são para melhorar as condições de vida e não para promover a morte a prazo. Isto nada tem de ideológico ou de religioso, tal como a história desde que o mundo é mundo, relata.
Eu sou crente. Não quero que me tirem a minha liberdade de, se for o caso, ajudar alguém que me seja próximo a morrer, ou de eu mesmo se for minha vontade cometer suicídio. Não quero que ninguém decida por mim nem pelos meus. E repito: ligar e desligar máquinas, optar por terapias agressivas ou suspendê-las, nada tem de eutanásia, são meros actos técnicos que interrompem o ciclo natural da vida e a sua suspensão depende por isso de uma decisão técnica e não de questões de princípio ou valores. Aliás é assim que felizmente as sociedades se vão gerindo no quotidiano.
A liberdade não deve ser invocada para esconder a covardia.