AZUL
Em memória de Sophia
Cega-te a luz do sol – nunca te esqueças
Deste dia sem fim:
no horizonte nascem as promessas
e hás-de ficar assim
à espera de um milagre que te fale
com a voz de uma sereia
até te libertar de todo o mal
e deixar sobre a areia
o gesto inconsolável desse deus
desfeito já na espuma
dos sonhos que algum tempo foram teus
ou das nuvens que fogem uma a uma.
Cega-te a luz do dia – sobre o mar
um azul que não sabes decifrar.
[Amaral, Fernando Pinto do. poemas escolhidos (1992-2007), Publicações Dom Quixote, Alfragide, 2009, p. 51]
escrito por Carlos M. E. Lopes
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