Para não esquecer...

ALGARVE POR ÁGUA ABAIXO E SALMOURA AO MAR

[foto copiada daqui]

A construção da dessalinizadora em Albufeira, na praia da Rocha Baixinha, Falésia, contrariamente ao que por aí se diz, não é eficaz no combate à escassez hídrica no Algarve, porque responde, em média, apenas a cerca de 20% das necessidades do consumo urbano (80 hm3). No máximo dos máximos, será cerca de 30%. 

Para além disto, é um projeto oneroso, de grande investimento: cerca de 45 milhões (1/5 do financiamento do PRR para o combate à seca no Algarve). Associado sempre a um maior desequilíbrio ecológico e paisagístico na costa algarvia.

A descarga do efluente desta fábrica de água potável contém, para além do sal extraído (a salmoura), produtos químicos diversos, metais pesados e um elevado teor em microrganismos (a chamada água suja). Irá ter consequências na qualidade da água, na letalidade da fauna e flora marinha e, particularmente, no teor em metais pesados, cuja toxicidade já tem sido relatada em outros locais, como na costa da Florida, em que se verificou um aumento de metais no mar em cerca de três vezes, devido à construção de uma dessalinizadora. 

Não será displicente referir ainda o aumento notório na emissão de gases de efeito de estufa, por se recorrer a combustíveis fósseis (85%) para a produção de água potável.

Impactos económicos negativos nas pescas costeiras e no turismo algarvio: cerca de 5-8 Km de praia e falésia serão afetados pela instalação de condutas de transporte da salmoura e captação da água do mar. Acrescente-se, ainda, a construção da fábrica com uma volumetria desproporcionada, à beira-mar. 

O elevado custo energético e da tecnologia irá fazer disparar o preço da água para o consumidor doméstico, não assegurando o acesso universal e equitativo à água potável, compromisso assumido por Portugal, de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, na Agenda 2030 das Nações Unidas.

[escrito por Maria Emília Costa (PAS - Plataforma Água Sustentável)]


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