Manuel Alegre emergiu como a nova Pintasilgo. Solto, sem compromisso partidário, sendo o rosto de uma esquerda desiludida com os partidos de esquerda tradicionais e até com o Bloco de Esquerda, Alegre é o ruído de uma certa revolta dos sixties. Poeta maior, com uma noção de patriotismo que retira à direita esse exclusivo (ele ainda me há de explicar o que é o patriotismo de esquerda...), Alegre apareceu como o trovador do vento que passa. Mas as suas aparições não têm atingido a altura de uma Pintasilgo, nem os voos de lá se aproximam. Alegre não tem a inteligência nem a cultura de um Zenha ou de uma Pintasilgo, nem deles a independência em relação a Soares. Alegre está demasiado ligado a Soares e com ele comungou de algumas ideias que são estranhas à esquerda sua apoiante. Este casamento, entre a esquerda dos sixties e Manuel Alegre, é espúrio. Ambos sabem que isto é a brincar e que se dariam mal se esta caminhada tivesse êxito. Mas ambos querem a derrota de Soares e que este fique atrás de Alegre. Eis o que os move. Quanto ao resto, vazio absoluto.
escrito por Carlos M. E. Lopes
Alegre
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