Sou militantemente contra os exames (se o tempo me der azo, direi um dia destes porquê). Não se conclua daqui que aprovo a decisão governamental de acabar com os exames de Filosofia, ainda antes de começarem. Não aprovo. Porque não concordo com os pressupostos em que tal decisão se apoia.
- Um dia destes o (por más razões) famoso Secretário de Estado Valter Lemos dizia na TV que não é a promoção do sucesso (de um falso/aparente sucesso) escolar o objectivo de tal decisão. E argumentava com os resultados muito positivos dos exames de Filosofia. Pura falácia! Os resultados que existem referem-se a alunos do 12º ano; os resultados do 11º ano são/seriam com alguma segurança previsivelmente bem diferentes (para pior).
- Mas essa não-de ser, concordo, a razão principal. Nem hão-de ser principais (embora sejam razões) as razões de natureza economicista -- enfim, sempre se poupam alguns euros. Qual é, então, a razão principal? No meu entender, esta: a Filosofia não serve para nada. Pensar (a sério) só estorva.
Deus não permita que eu tenha razão quando penso que este pode ser o princípio do fim da Filosofia no ensino secundário. Portugal imitaria assim os países europeus mais "avançados" (designadamente, a nossa vizinha Espanha). Assim o governo pêèsse poderia deslocar investimentos e recursos para o choque tecnológico -- porque, afinal e por exemplo, o que interessa a um aluno electricista é aprender a esticar bem fios; porque assim teremos um país tecnologicamente chocado, com mais alunos... a navegar na Internet... e a pensar menos. Assim o governo pêèsse levaria a bom termo mais uma medida que forças à direita tentaram já mais do que uma vez, sem êxito. Assim se provaria mais uma vez que este governo pêèsse é o governo mais reaccionário que até hoje Portugal conheceu depois do 25 de Abril.
escrito por ai.valhamedeus
1 comentário(s). Ler/reagir:
Inteiramente de acordo com a sua afirmação segundo a qual se vai desenhando o fim da filosofia, pelo menos na formação geral do ensino secundário, cursos científico-humanísticos. Para mim, que sou contratado há 12 anos, dá para pensar se vale a pena continuar a investir em algo que, pelos vistos, não tem futuro.
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