O Vaticano e o preservativo

A notícia tem alguns dias: o Vaticano cancelou a participação da brasileira Daniela Mercury no concerto de Natal de hoje. Motivo: a participação da cantora numa campanha anti-Sida, no último Carnaval, em que apareceu a defender o uso de preservativos. Ou seja: o Vaticano quer que fique claro que condena o uso do preservativo.
A Igreja Católica tem sido assim: pediu desculpa pela condenação de Galileu, uns séculos depois de o ter condenado. João Paulo II pediu desculpas pelo silêncio da Igreja Católica face ao sofrimento dos judeus, umas décadas após esse silêncio... Sempre em atraso, talvez acreditando que a confissão dos pecados limpa qualquer mancha dos mesmos.
É tempo de o Papa e os seus acólitos entenderem que, a ser seguida, a sua moralidade sexual será responsável por muito sofrimento: por frustrações, por ansiedades, por sentimentos de culpa, por distorções sexuais… e por muito sofrimento físico. Defender essa moralidade para depois tentar remediar as suas consequências soa a cinismo. O antecessor do Papa actual ofereceu 100 mil euros à "Bom Samaritano", uma fundação do Vaticano criada para assistir as vítimas da sida em todo o mundo. Criam as vítimas (ou contribuem para tal) e depois socorrem-nas... Este Papa, pelos vistos, vai pelo mesmo caminho. Valha-os Deus!
Felizmente, há quem se esteja literalmente marimbando para o Vaticano.

escrito por ai.valhamedeus@gmail.com