Anos a fio a dita direita pugnava pelo direito dos nossos emigrantes votarem nas eleições presidenciais. Invocavam que eram os nossos emigrantes portugueses de primeira, iguais aos outros, e que nada deveria impedir que os mesmos votassem. A realidade era outra.
A dita direita, face à sucessiva lista de presidentes não por si controláveis, achava que, com o milhão de França, mais umas centenas de milhar noutros lugares, onde a sua palavra chegaria melhor (isto é, países onde, pensavam, as suas ideias dominavam), os emigrantes eram uma bóia de salvação para os seus desígnios.
A dita esquerda pensava precisamente o contrário. Os portugueses emigrados viviam em países onde as ideias da direita dominavam, os nossos emigrantes ficavam sujeitos à influência dessas ideias, e tais votos vinham a distorcer a vontade dos portugueses autênticos (os que vivem no país), em oposição àqueles que não tinham podido ou querido viver no país. No fundo, os emigrantes acabavam por impor a sua vontade aos portugueses de “dentro”.
E os emigrantes? Esses, pelo que se ouviu hoje, estão borrifando para isto. Dos quinze mil em Macau tinham votado 200. Do milhão em França, tinha-se conhecimento de uns (poucos) milhares de votantes. Parece que os emigrantes nem são a salvação da direita nem a desgraça da esquerda. Como sempre, e como se diz na minha terra, “quem é bruto aqui é bruto em Lisboa”.
escrito por Carlos M. E. Lopes
Os votos da diáspora
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