Para não esquecer...

O XX Congresso do PCUS

Estaline
Faz esta semana 50 anos que se realizou o XX Congresso do PCUS. Congresso que marcou a denúncia dos anos de terror Estalinista. Foi o Congresso em que Nikita Kruschev (como se escreve isso?) denunciou as purgas, as mortes, os processos sumários de aniquilação. Foram milhões, sem culpa formada, sem julgamento que foram executados, mandados para a Sibéria, presos. Estaline tinha sido até aí o grande farol das forças progressistas, do mundo novo, do homem novo. Milhões em todo o mundo o adoravam. A gritar o seu nome, muitos enfrentaram a morte. Estaline era o pai dos povos. Foi ele que tirou a Rússia de país subdesenvolvido e a transformou em segunda potência mundial. Foi sob a sua direcção que a União Soviética passou a “bater o pé” aos Estados Unidos da América. Estaline foi a esperança de um mundo novo e um líder insofismável de milhões de trabalhadores em todo o mundo.

Estaline era implacável e tal desenvolvimento foi feito à custa de um poder despótico, rude, mortífero. Como diz Stephen Cohen, época de grandes realizações e crimes monstruosos que são difíceis de conciliar.

Há uma tendência para comparar Estaline a Hitler. Penso que a comparação não é possível. Estaline encabeçava um movimento, uma ideologia, o comunismo, que pretendia acabar com a opressão, com a exploração do homem pelo homem. Hitler pretendia o domínio de uma raça sobre as outras. Um baseava-se na igualdade (daí o comunismo); o outro na desigualdade.

Sobre o opressão e os métodos estalinistas, são muitos os livros que se podem encontrar. Desde o clássico O zero e o Infinito de Kolster ao Filhos da Rua Arbat de Anatoli Ribakov. Sobre o ambiente da vida soviética sempre se pode ler também o 1984 (e o seu big brother) de Orwell. Provavelmente Estaline foi responsável por mais mortes do que Hitler, mas não foi a mesma coisa. Conheci velhos operários que ainda suspiravam quando ouviam o nome de Estaline, como luz e rumo de uma esperança.

Muitos tentam justificar Estaline dizendo que era a única forma de poder desenvolver a União Soviética. Outros, que tal desenvolvimento seria muito maior com menos purgas, menos mortes e menos opressão. Hoje pouca gente defenderá Estaline sem um mas...

Foi pois há 50 anos que a denúncia do terror de Estaline foi feita. Para alguns, tal denúncia teve o seu epílogo com a Perestroika e a glosnot de Gorbatchev, trinta anos depois. As discussões vão continuar sobre o Koba, mas a chama deste está moribunda.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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