Para não esquecer...

DIZCIONÁRIO [10]

Lógica

  1. A lógica é a ciência
  2. (ciência e arte -- digamos, o estudo)
    do raciocínio válido. Dito de outro modo, a lógica analisa as relações entre várias proposições determinando as regras que permitem que uma delas (a conclusão) resulte legitimamente (logicamente...) da(s) outra(s).

    Seja o exemplo das proposições A e B, respectivamente, Todos os elementos do governo actual são miseráveis e A Dona Maria de Lurdes é elemento do governo actual. A proposição A Dona Maria de Lurdes é miserável resulta legitimamente das 2 proposições anteriores. Logicamente.

  3. A Lógica não é, seguramente, o instrumento privilegiado dos políticos (profissionais). O motivo parece-me ser este: o objectivo maior da Lógica é atingir a verdade (seja isso o que for); mas nuns casos a verdade não interessa aos tais políticos e em todos os casos não é esse seu objectivo maior. Em vez da verdade, aos políticos interessa sobretudo a adesão. Em última análise, a adesão (o voto) do eleitor.

    Seja um exemplo tirado do Congresso do PSD do último fim de semana. Uma das razões confessadas do dito eram as "directas": a aprovação da proposta de eleição directa do presidente do Partido. O actual Presidente, Marques Mendes, em discurso anterior à votação, a favor da proposta apresentou o argumento de que a sua não aprovação decepcionaria os militantes do partido. Um argumento sem qualquer lógica. Veja-se:

    a aprovação ou a rejeição das propostas a um Congresso é resultado da votação dos congressistas; por outro lado, os congressitas são representantes dos militantes. Se o voto negativo dos congressistas decepcionasse os militantes, é porque os congressistas tinham votado contra a vontade dos militantes. Mas, curiosamente, esta decepção só teria lugar no caso do voto negativo: votando a favor (como votaram), os votantes exprimiriam a vontade dos militantes; ou seja, a vontade dos militantes era conhecida -- e, portanto, o voto dos congressistas (e a própria votação) era inútil.

  4. Parece lógico, não? Não tenho conhecimento de que alguém tenha contestado o chefe do PSD nestes termos. O que pode, logicamente, significar 3 coisas: a) ninguém topou a falta de lógica de Marques Mendes; b) o meu raciocínio nos parágrafos anteriores não é lógico; c) a lógica não é coisa dos domínios da política profissional, mais preocupada com outras coisas. Inclino-me mais para a última hipótese. Aos políticos, mais do que vencer logicamente, interessa convencer; mais do que a lógica, interessa a retórica. Mas isso é assunto para outra ocasião.
escrito por ai.valhamedeus

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