Hoje à noite termina mais uma edição da Festa da Música
[quem alguma vez lá esteve sabe que, de facto, é uma festa].Desde sexta-feira passada, à tardinha, até logo, 115 concertos enchem de música o Centro Cultural de Belém, em Lisboa
[como habitualmente. Há 2 anos, uma extensão da Festa trouxe à cidade de Viseu um punhado dos concertos de Lisboa. Nunca mais! afinal, Viseu é província -- e Portugal é Lisboa...].A Festa da Música é a versão portuguesa da Folle Journée,
[Bilbau, em Espanha, e Tóquio, no Japão, têm também a sua Festa]organizada pelo Centre de Réalisations et d´Études Artistiques (CREA) de Nantes, em França. Uma iniciativa com êxito incontestável: em França, a venda de bilhetes subiu dos 18.238 (no ano inaugural de 1995) para 113.430 em 2004; dois dias antes de arrancar a festa de 2005 já tinham sido adquiridas 115.000 entradas e colocados à disposição 10.000 bilhetes suplementares. Além de outras actividades paralelas, em 2005, durante os 3 dias, o CCB ouviu 158 concertos, em 7 salas
[foi erguido expressamente para a Festa um novo auditório, com 520 lugares, no Centro de Exposições]e 2 coretos, envolvendo 1000 músicos. Foram colocados à venda 70.000 bilhetes, mais 20.000 do que no ano anterior.
A ideia é simultaneamente simples e genial — e teve-a, num concerto rock, René Martin, criador e director artístico da Folle Journée e conselheiro musical do CCB: num único lugar (em inúmeras salas) e sob um determinado tema, reúnem-se concertos de música clássica de grande qualidade, de curta duração (em média, entre 45 minutos e 1 hora), decorrendo vários em simultâneo, com entradas mais baratas do que o habitual. O objectivo é cativar o grande público para a música dita clássica; e o resultado (humano: a agitação, a alegria da festa...) dificilmente pode ser descrito: vive-se e vicia-nos.
O tema deste ano é "A Harmonia das Nações", uma viagem musical pela Europa barroca
[a do século 17 até meados do século 18]e por músicos como Bach, Handel, Telemann, Purcell, Vivaldi, e os portugueses Carlos Seixas e Francisco António Almeida. Entre os intérpretes (os maiores intérpretes mundiais do barroco) contam-se também alguns portugueses.
Tivéssemos nós sabedoria para aprender tudo o que a experiência francesa nos pode ensinar — por exemplo, a descentralização. No país de origem, a Festa acontece bem longe da cidade capital, e não se percebe porque é que nós haveremos de concentrar todos os concertos em Lisboa...
escrito por ai.valhamedeus
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