DO CONTRA [2]

Nossa Senhora de Fátima

Não sei por que me acontece isto

[serão tentações do demónio?]:

sempre que vejo nas televisões

[a Sic Notícias , que é suposto ser uma coisa séria, incluída]

as vastas reportagens sobre Fátima

[as procissões das velas; as missas dos dias 13; as procissões do adeus...]

vem-me à memória um livrito de um filósofo grego do séc. II: Celso.

O título sintetiza expressamente o conteúdo: Contra os cristãos (Lisboa: Editorial Estampa, 1971). E, para que não haja dúvidas, o Prefácio faz uma síntese do Cristianismo em termos semelhantes aos desta citação, com que Celso se refere ao autor da nova doutrina, Jesus:

"Agrupou à volta dele, sem escolha, uma multidão heterogénea de gente simples, perdidos nos costumes e grosseiros, que constituem a clientela habitual dos charlatães e impostores, de modo que a gente que se entregou a esta doutrina permite-nos já apreciar que crédito convém dar-lhe".

Dirigindo-se directamente a Jesus, acerca da Sua mãe escreve:

"Em realidade, és originário de um lugarejo da Judeia, filho de uma pobre campónia que vivia do seu trabalho. Esta, culpada de adultério com um soldado, Pantero, foi expulsa por seu marido, carpinteiro de profissão. Expulsa assim e errando aqui e além ignominiosamente, ela deu-o à luz em segredo".

A propósito da beleza da Virgem Mãe:

"Seria por acaso tão bela a tua mãe a ponto de Deus, cuja natureza no entanto não suporta que Ele se rebaixe a amar simples mortais, quisesse fruir as suas carícias?"

Mais adiante:

"As velhas lendas que narram o nascimento divino de Perseu, de Anfião, de Éaco, de Minos, hoje já não as acreditamos. Pelo menos ainda salvaguardam a verosimilhança, pois que atribuem a essas personagens acções verdadeiramente grandes, admiráveis e úteis aos homens. Mas tu, que disseste ou fizeste a tal ponto maravilhoso? [...] Conta-se, é verdade, e exageram à vontade muitos prodígios surpreendentes que operaste, curas miraculosas, multiplicação de pães e outras coisas semelhantes. Mas isso são habilidades que realizam correntemente os mágicos ambulantes sem que se pense por isso em olhá-los como Filhos de Deus".

escrito por ai.valhamedeus