Para não esquecer...

POIS!... [estórias exemplares]

1

Costa Nova (Aveiro), feriado de 1 de Dezembro, num restaurante típico da beira-mar. Sentada, a família Garcia refresca em vinho verde o marisco com que dá entrada à refeição. Harmoniosamente.

De repente, a pequena filha de 10 anos comenta com visível tristeza: "Tenho uma má notícia... Já não sou virgem!" -- e desata a chorar, visivelmente alterada... com as mãos a tapar a cara e certo ar de vergonha. Silêncio sepulcral. Até que a tensão rompe o controlo dos nervos.

É o pai o primeiro a avançar: "E de quem é a culpa? é tua! -- grita, apontando a mulher --. Tua, por seres como és! por andares sempre por aí a fazer olhinhos... a qualquer imbecil que entre lá em casa! que eu bem vejo, ou tu pensas que sou cego?"

A senhora Garcia descompõe-se: "Ai é?! E quem é o imbecil que gasta meio ordenado por aí, sabe-se lá com quem?! e quem é que se despede com beijinhos de todas as coleguinhas, quem é, quem?! não me dizes?!"

Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, de olhos banhados em lágrimas e boca trémula, pega ternamente nas mãos da filha e em voz baixa pergunta: "então mas como é que foi, minha filha? forçaram-te, foi?"

E entre soluços a pequena respondeu-lhe: "Não, mamã! a professora é que já não me deixa estar no presépio ao lado de S. José!"

[Computer Idea, Set/2004. Tradução e adaptação de aijesus]

escrito por ai.valhamedeus

0 comentário(s). Ler/reagir: