O Algarve, em Lisboa, tem uma “Casa”. Esta “Casa do Algarve” tem um Presidente. Tal Presidente é um General. Ora o nosso pundonoroso General, em entrevista ao Jornal do Algarve de 20 de Abril p. p., deplorou a “falta de liderança que se verifica no Algarve e está a prejudicar seriamente a região”; e com aprumo militar bateu a bota e deu a fórmula: “O Algarve precisa de um Alberto João Jardim”.
No número seguinte do mesmo semanário, um ponderoso plumitivo acudiu lesto a corroborar a “palavra do general”: que “foi um tiro certeiro e não foi um tiro curvo” – sentenciou, revelando assim que, além de saber garatujar mensagens por telemóvel, também conhece de artilharia.
Pois assim são os nossos encartados regionalizadores (regionalistas é outra coisa). A receita, para eles, está num sátrapa que se preste a mandar nesta satrapia. O Algarve, predicam eles, precisa de um. E o modelo está nesse figurão, boçal e patético, que entre arrotos governa a Madeira. Mas – ai de nós! –, o “nosso” Algarve ainda não gerou o seu Alberto, o seu sátrapazito de trazer por casa. O sobredito plumitivo passa melancólica revista aos potenciais candidatos e conclui, consternado, que não, não temos uma personalidade à altura.
Que não desmoreçam porém os nossos paladinos regionalizadores (que não regionalistas). Eles equivocam-se, mas é só na processologia. Não foi Alberto João Jardim quem fez a regionalização madeirense – foi a inversa: a segunda é que fez o primeiro. Anelam, para o “nosso” Algarve, o seu Alberto João? Pois façam primeiro a regionalização – e esta, só por si, por partenogénese, produzirá ipso facto o seu Jardim algarvio. E assim sucederá em todas as demais “regiões” em que os nossos preclaros regionalizadores retalharem o continente. Para cada satrapia, surdirá, fatal como o fado, o seu sátrapa feito à imagem e semelhança do arquétipo da pérola do Atlântico. O do Algarve conta já com generais e escribas de serviço. Que esperam?
escrito por e.o.santíssimosacramento
SÁTRAPA, PRECISA-SE
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