(...) Em vez de ter morrido numa cruz, por ti, antes tivesse pegado na lança que me abriu o peito, para com ela te rasgar os olhos da cara, para deixar entrar claridade para dentro de ti pelos buracos dos teus olhos rasgados.
Tudo quanto eu te disse ficou escrito e é tudo quanto ainda hoje tenho para te dizer.
Se me fiz crucificar para to dizer porque não te deixas crucificar para saberes como eu to disse?
Não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, pregaram-mas bem, como se prega um crucificado; não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, para te sacudir a cabeça quando vieres ajoelhar-te aqui aos pés da minha cruz.
Se fosse o teu orgulho de joelhos, ainda era o teu orgulho, mas são as tuas pernas dobradas com o peso do ar.
Não tenho uma das mãos livres para te empurrar daqui da minha cruz até ao teu lugar lá em baixo na terra.
Levanta-te, homem! (...)
Tudo quanto eu te disse ficou escrito e é tudo quanto ainda hoje tenho para te dizer.
Se me fiz crucificar para to dizer porque não te deixas crucificar para saberes como eu to disse?
Não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, pregaram-mas bem, como se prega um crucificado; não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, para te sacudir a cabeça quando vieres ajoelhar-te aqui aos pés da minha cruz.
Se fosse o teu orgulho de joelhos, ainda era o teu orgulho, mas são as tuas pernas dobradas com o peso do ar.
Não tenho uma das mãos livres para te empurrar daqui da minha cruz até ao teu lugar lá em baixo na terra.
Levanta-te, homem! (...)
Texto de Almada Negreiros. Foto e selecção de texto de Paulo Neto
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