Para não esquecer...

BALADA DA SOCIEDADE DE CONSUMO

Eles cantavam nas margens dos grandes rios.
Havia a sociedade de consumo
Mas eles perguntavam
E o homem?
É só o que consomem
é só o homem e o seu sumo?
Onde está o homem?
O homem
O homem?

E cantavam nas margens dos grandes rios.

Havia automóveis frigoríficos televisão
Havia sociedade por acções.
Mas eles perguntavam: e o amor?
É só a solidão?
É só esta mobília a prestações?

E cantavam nas margens dos grandes rios.

Havia o verbo ser e o verbo ter
havia o não haver e o haver demais.
Mas eles perguntavam:
E viver?
É só este não ser para ter mais?

E cantavam nas margens dos grandes rios.

[Manuel Alegre]
poema seleccionado por ai.valhamedeus

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