Para não esquecer...

O GATO FEDORENTO

Há uma receita que gera sempre um riso alarve: é a piada do político. O gato fedorento tem ido por esse caminho.

No domingo, o sketch do Sócrates estava bom, mas é a piada fácil. A piada sobre o julgamento do Saddam estava fraquita e perigosa. A ideia espalhada de que a justiça portuguesa é lenta e injusta é perigosa porque, embora verdadeira

(basta até ser lenta para ser injusta),
aponta como defeito aquilo que não é defeito. Dar a entender que em Portugal toda a gente escapa é partir de um pressuposto errado. É julgar que tudo o que sai nos jornais é verdadeiro -- e os tribunais depois absolvem. Isto é, os jornais e os meios de comunicações descobrem os criminosos, mas depois os tribunais mandam-nos para a rua.

Saddam foi julgado com duvidosas garantias de justiça e imparcialidade. Ora dar a entender que um criminoso daqueles poderia ser absolvido em Portugal, parece querer branquear essa realidade. Portugal
(felizmente)
ainda não é Guantánamo e, malgré Sócrates, penso que não irá ser.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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