Para não esquecer...

O MILAGRE DA SUBSTITUIÇÃO

Muito se tem falado da (des)necessidade das “aulas de substituição” no ensino secundário. Nunca as tinha experimentado e confesso que até estava “mortinho”

(ou não…)
por ter o prazer de assistir a uma. Pois foi. E fez-se-me a vontade.

A bendita professora que nos ia dar essa aula até era, ao contrário do que será habitual (?), da mesma disciplina do professor que estava a faltar. E lá veio com uns poemas do Fernando, símbolo do programa de Português do 12º ano, prontinha para nos dar a aula.

Mas eu não deixei. Não por “marrice” minha, mas apenas porque a conversa da infância do Fernando e da sua dor por pensar descambou na problemática com que a juventude se depara. Intervim. Disse que não era fácil viver. Ou então que até era mais fácil do que pensamos. E isto porque a vida é muito pragmática. O “faça-se a nossa vontade” não é de todo possível, pois há acções
(que livremente tomamos)
que têm consequências
(más ou boas)
irreversíveis.

E dei o meu próprio exemplo:
a) instintivamente
(seguindo os meus sonhos),
ficaria para sempre sentado nesta cadeirinha confortável a escrever e talvez ganhasse um dinheirito com isso;

b) tendo a cabecinha no sítio (?) e pensando um bocadinho, escolheria um cursinho que me desse boas oportunidades de saída profissional e que me garantisse um futuro bom e mais certo.
E estou aqui com o mesmo dilema do Fernando: não quero pensar para fazer instintivamente o que gosto, mas sei, ao mesmo tempo, que esta minha atitude pode fazer-me arrepender, mais tarde, por não ter escolhido alguma coisa que me desse certezas.

Continuei, dizendo que a
(minha… nossa)
juventude é, realmente, diferente das outras. Acho que esta é a juventude mais passiva da história. A que está de acordo, ou se não está manda apenas as bocarras ou os “são todos iguais”. Defendi, não sei se bem, a classe política. Argumentei que a política é a representação das pessoas que a fazem. Se nos achamos melhores, então devemos avançar, demonstrar as nossas ideias, lutar por elas e não ficarmos como espectadores a olhar apenas para o que eles fazem
(precisamente como a maior parte da turma… a ver a minoria a falar).
Dei a minha opinião de que deveria haver maior associativismo juvenil.

Pensando bem, se calhar não sou muito diferente do resto dos elementos que pertencem a esta juventude, terei apenas o blá blá blá, e pouco terei feito, ainda que pertença a uma juventude partidária. Mas se calhar não sou obrigado
(como os outros também não o são)
a ter o peso da mudança e da sociedade nos meus ombros. Porque afinal sou eu que importo
(estoicismo?).
Pelo menos, fiquei a saber que uma “aula de substituição” até pode ser interessante…

escrito por Pedro Santos [aluno do 12º ano]

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