Para não esquecer...

AUTO-AVALIAÇÃO

Numa certa escola

[será este caso excepção?],
uma (in)certa comissão
[não se sabe bem de quê, embora se relacione com as "aulas de substituição"]
proferiu um rasgado e público elogio ao seu próprio desempenho. Eis que a Dª. Maria de Lurdes segue as visionárias personalidades da referida comissão -- e verte sobre a sua pessoa, num plágio descarado, também a nota máxima. Se a avaliação dos professores for regulamentada com tão expedito instrumento, declaro que, por hora
[e por causa da (falta de) cultura de esforço]
não desejo ser avaliado
[pode ser?].
Enquanto se aguarda a investidura das
(candidatas a)
Senhoras Secretárias, vale a pena ler um naco de prosa de um dos mais lúcidos cronistas do reino: Manuel António Pina.

«Optimismo, precisa-se

Uma coisa que me inquietava era a aparente consensualidade crítica em relação ao Ministério da Educação. Desconfio de unanimidades, principalmente em domínios tão perplexos como o educativo, e o facto de a acção da ministra Maria de Lurdes Rodrigues suscitar tão encontradas e generalizadas posições de rejeição de todos os lados da chamada comunidade escolar deixava-me de pé atrás. Afinal de contas, hèlas!, nem todos estão de acordo. A ministra acaba agora, em documento enviado às escolas e publicado no "site" do Ministério, de se auto-avaliar e de se dar generosamente nota máxima. Num país atavicamente deprimido, é reconfortante ver alguém tão saudavelmente acrítico em relação a si mesmo e tão indiferente às razões dos outros (professores, alunos, encarregados de educação, funcionários). Imagino o corrupio que irá por estes dias no Ministério da Educação com os secretários de Estado a felicitarem a ministra, a ministra a felicitar os secretários de Estado e todos a felicitarem-se a si próprios. O país precisa urgentemente de optimismo e é bonito ver, no meio da confusa batalha campal que é hoje a educação em Portugal, alguém completamente alheio, como os xadrezistas de Borges, ao que se passa à sua volta e a abrir garrafas de champanhe.»

JN, 19 de Janeiro de 2007
escrito por Jerónimo Costa

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Li esse texto do MAP no JN e também fiquei surpreendido com tanta anormalidade. Se a incompetência se festeja assim, a Casa Branca vai esgotar o stock de champanhe!
O que vale é que a ministra e os outros, de tão boa consumidora, não distinguem champanhe de água, tal a falta de lucidez e discernimento...
Abraço,
ALM